segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Pensamentos soltos_2009

É isso ai!!!

Bom 2009 pros povos e povas... Tô desejando antecipado porque não sei se volto aqui até o proximo ano chegar...

Só quero deixar claro que ano que vem eu prometo postar mais... A não ser que eu deixe a vida fácil que tô levando...

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Ps.: A dieta da cenoura funcionou. Fui pra praia domingo e fiquei beeeeem preta!!!

Ps¹.: Passei direto na faculdade... Quem diria...

Ps².: Tô vendendo minha guitarra por R$ 150,00. É triste desistir da música...

Ps³.: Descubri muitas coisas úteis esse ano... Mas sobre isso eu falarei ano que vem.

Aloha!!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Festival de Verão 2009

A ultima vez que fui pro Festival foi no ano que teve Maria Rita e Pitty. Acho que foi em 2005. Tinha 14 anos e foi meu primeiro show "de peso". Minha primeira decepção musical...
Tudo bem que o Festival de Verão tem uma proposta boa, mas ainda assim assistir Banda Eva, Jammil e Psirico foi de doer.

De 2005 pra cá nada me chamou atenção... Eu xingava o Festival tanto quanto eu xingava o Big Brother.

Mas adivinhem só!? Sábado eu vou ver Psirico outra vez, hehe!!!
Segue a grade de atrações:

Quarta 28/jan
> BIQUINI CAVADÃO
> DANIELA MERCURY
> CHICLETE COM BANANA
> O RAPPA
> A ZORRA

Quinta 29/jan
> JOTA QUEST
> ANA CAROLINA
> IVETE SANGALO
> EVA
> ENCONTRO DO FORRÓ

Sexta 30/jan
> NANDO REIS
> ASA DE ÁGUIA
> NATIRUTS
> JAMMIL
> ENCONTRO DO SAMBA

Sábado 31/jan
> OLODUM
> CAPITAL INICIAL
> VICTOR E LÉO
> ALANIS MORISSETTE
> PSIRICO

Poisé... Gamei naquele alto-falante do Psirico, hehe...

Para mais informações tipo o preço ou os outros palcos, consultem o site:
http://www.portalibahia.com.br/festivaldeverao/

Aloha!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Pensamentos soltos...

Eu gosto de ser ingênua. Gosto de ser ingênua e confiar nas pessoas. Imagina a tristeza de viver desconfiado, achando que todos querem te apunhalar ou que a qualquer momento você pode ser traído pelo seu melhor amigo? Eu não quero viver assim. Eu quero ser ingênua, eu quero rir das coisas... Coisas que eu lembrei de repente, coisas que esqueci por acidente... Eu quero rir do nada. Eu quero ver o mundo. Eu quero sentir a textura das coisas, o aroma, o sabor... Eu quero viver feliz, como eu sempre fiz. As vezes o mundo me dá pistas que eu devo amadurecer, mas eu fico surda pra ele. Eu não quero mudar nunca, eu não quero crescer nunca, eu quero viver essa fantasia até que ela fique gasta e eu tenha que fantasiar outra coisa. Eu não quero ser uma adulta fria, séria e frígida. Eu quero ser o que eu for, quero viver o que tiver que viver, quero ter idéias idiotas e ter coragem de contar pros meus amigos, eu quero escrever fora do tema, usar muitas vírgulas e muitos pontos e esquecer de alguns acentos. Eu quero chorar todo semestre por problemas que eu não entendo, que são complicados demais pra minha faixa etária, ou coisas simples que as pessoas insistem em complicar.
Eu quero ser eu, mundo! Só me deixe ser eu mesma...

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Desabafo. É a ultima vez que faço meu blog de diário...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Edith Piaf... O filme mais estranho que eu já vi...

Non, je ne regrette rien - Edith Piaf

Non! Rien de rien,
Non! Je ne regrette rien.
Ni le bien, qu'on m'a fait,
Ni le mal, tout ça m'est bien égal!

Non! Rien de rien,
Non! Je ne regrette rien.
C'est payé,
balayé,
oublié,
Je me fous du passé.

Avec me souvenirs,
J'ai allumé le feu,
Mes chagrins, mes plaisirs,
Je n'ai plus besoin d'eux.
Balayés les amours,
Avec leurs trémolos,
Balayés pour toujours,
Je repars à zéro.

Non! Rien de rien,
Non! Je ne regrette rien.
Ni le bien, qu'on m'a fait,
Ni le mal, tout ça m'est bien égal!

Non! Rien de rien,
Non! Je ne regrette rien.
Car ma vie, car mes joies,
Aujourd'hui, ça commence avec toi!

Tradução

Não! Nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal - isso tudo me é igual!

Não, nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado!

Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!
Varridos os amores
E todos os seus "tremolos"
Varridos para sempre
Recomeço do zero.

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...!
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é bem igual!

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...
Pois, minha vida, pois, minhas alegrias
Hoje, começam com você!

--
Ouvi essa música mais de 30 vezes seguidas com a voz de minha querida maninha.
Que Deus me tenha...

http://www.youtube.com/watch?v=Z9eH0nmy0og (extraído do filme. Pra quem não conhece, ou acha que não conhece, a música.)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

...aiai...

Léo com os filhos de Lessie... Pingo, Pintada, Lion, e os outros dois a gente deu sem saber o nome.



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"A vingança é um prato que se come frio." No meu caso foi congelado, hehehe. Eu juro que não queria que meu blog virasse uma máquina de lavar, mas não tem jeito Yangzinho... É a vida...

Foto tirada em, aproximadamente, 1999.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Andressa.

Ela chorava. O policial a olhava sem nenhuma clemência. Ela gostava de repetir as mesmas coisas, era irritante. Ele a olhava com a certeza da culpa.
- o que você fazia naquele beco?
- eu já disse senhor policial, eu ia fazer um programa.
- a senhorita disse que tinha feito um programa.
- mas eu sou virgem, pode me examinar.
Ela olhava maliciosamente pra ele enquanto abria as pernas. Ele olhou para ela. Era uma moça bonita para uma prostituta e tinha duas semanas que ele não brincava, precisava realmente tirar o atraso. Ele sabia que não podia brincar com aquela prostituta, ela era suspeita de um assassinato.
- vem me examinar senhor policial, ela dizia tirando a calcinha.
Ele deu a volta, abriu a porta, conferiu que a vizinhança estava ausente e a olhou de novo. Viu que sua boceta estava molhada, apetitosa.
- sabe, eu estava pronta pra fazer sexo naquele beco, não me leve a mal, eu não ia fazer por dinheiro. Certas coisas deviam ser de graça, mas eu preciso comer...
- é, eu também preciso comer, ele dizia se aproximando. Estava próximo a uma ereção, sofria com a precocidade, mas odiava a idéia de ir a um medico... Era um tipo de homem antigo.
Caminhou até ela, tirou as calças, ela lhe fez um boquete. Após cinco minutos ele havia gozado e ela fez um comentário infeliz.
- já!?
Isso abateu o policial Peixoto. Um homem que se achava viril, garanhão e sedutor não devia ser julgado por uma prostituta que se dizia virgem. Como é que ela era virgem?
- deixa eu ver esse cabaço ai..., disse, e ela obedientemente abriu-lhe as pernas. Era uma boceta bonita, no que competia em matéria de bocetas. E ela não mentia, realmente havia um cabaço lá...
- esperando o homem certo?
- é... acho que não existe. Tenho 21 anos e não o encontrei.
- e porque ME ofereceu?
- ah, sei lá...
- hum...
- e então? Não quer?
- hum...
- se não me quer deixa logo eu ir pra casa...
- quero sim, claro. Mas acho que devíamos fazer isso direito. Veste a roupa, vamos até o almoxarifado, tem um sofá lá.
O almoxarifado ficava no subsolo da delegacia e aquele sofá era usado pelos policiais para casos especiais como esse...
- sinta-se a vontade Andressa, disse o Peixoto.
Ela começou a fazer um strip-tease e ele a observava. Começou a olhá-la não como homem, mas como policial. Via que ela era experiente demais para uma mulher virgem. Mas depois de um tempo ele só pensava em tocar aqueles seios que pareciam tão macios, aquelas pernas tão torneadas, aquele traseiro tão redondo, e pensava que não fazia sexo há duas semanas, pensava que não tinha camisinha... Mas o que fazer? Fazer!
Ele jogou-se nela e começaram os movimentos de fornicação. Uma maravilha!
Acabaram (ele conseguiu segurar o gozo durante 7 minutos.), e ela disse:
- venha me examinar, senhor policial, diz Andressa abrindo as pernas.
Ele foi até ela e depois do exame viu que o hímen ainda estava lá... Fascinante... Frustrante...
- o senhor não imagina quanto dinheiro eu ganho com isso, a natureza me abençoou...
- hummm...
- e então? Gostou de transar com uma virgem?
- quer dizer que você realmente estava fazendo um programa naquele beco.
- achei que tivéssemos esquecido esse assunto...
- heim?
- é... tava...
- com o sr. Ramirez?
- não sei o nome dele.
Ela adquiria um aspecto choroso.
- nem comece a chorar.
Ela parou com o teatro e disse:
- o senhor não entende. Aquele não um cliente, era meu cafetão. Era um monstro. Me fazia trabalhar o dia inteiro, por eu ser a peça mais valiosa, e sempre com homens diferentes para sustentar a história da virgem. Eu sei, daquele pardieiro lá eu sou a mais bonita e procurada pelos caras, mas não dá o direito de meu cafetão me comer e fazer com que me comam todo dia! No começo da minha carreira eu até imaginei que viraria uma espécie de “produtora” das meninas por eu ser a favorita, mas...
Peixoto a interrompe: - com quantos anos você começou?
- dezessete, mas continuando, ao invés de ele me transformar na rainha, me transformou na pior das fodidas. Se meu hímen não se rompesse eu diria que tava bem lascada, hahaha...
- continue...
- se eu continuar você promete que cuida de mim, policial Peixoto?
- prometo. Continue...
- pois é, só que ontem ele não tinha aparecido pra me ver. Ele foi ver algum cliente que gostou muito de mim, e queria me comprar dele. Acho que deve ter sido um dinheiro bem alto, porque o sacana ia me vender! Daí, quando eu estava andando pelo beco ele apareceu. Eu disse que tava com saudade e tal, e ele me disse toda a história do cliente que tinha gostado de mim. Eu não gostei e mandei ele se foder... Só que ele disse que ia me foder, e ia me vender sem meu atributo! Ta entendendo seu Peixoto? Ele pegou um pedaço de pau e queria enfiar em mim! Eu não podia deixar ele destruir meu material de trabalho... Tive que matar ele... Mas não conta pra ninguém, tô confiando no senhor...
- e você diria isso num tribunal? Que foi legitima defesa?
- claro!
- hum... Mas eu tô pensando aqui... Acho que essa baboseira de legitima defesa demora muito. Vamos tentar algo mais prático.
- adoro praticidade, diz a Andressa, enquanto o Peixoto levanta do sofá e vai caminhando nu até a mesa.
- sabe policial, olhando assim pro senhor de costas, você não me é estranho...
- é! Eu nem acredito que ofereci oito mil reais por você, sua vaca!, ele disse antes de atirar no meio da testa dela... Vestiu-se, deu-lhe um beijo na boca e começou a enrolar seu corpo num saco plástico preto. Subiu a escada carregando-a nos ombros, cantarolando “Age of Acquarius” e no pensando que tinha muita brincadeira pela frente antes da desova...

Diagnostico do bem-querer

Não é tão difícil saber se está “bem-querendo” alguém. Basta seguir alguns sintomas característicos com um toque de personalidade para descobrir o diagnostico. Por exemplo:


  • Caso alguém tenha te paquerado e você não pára de pensar nessa pessoa, isso pode ser uma apaixonite.

  • Caso você tenha um amigo que lhe faz bem quando está junto, talvez isso não passe de uma amizade colorida.

  • Caso você conheça alguém que tenha idéias que o fascinaram e você não pára de pensar nele, aceite essa sensação como deslumbramento.

  • Caso você tenha um namorado e está gostando do melhor amigo dele, termine com o namorado e não fique com nenhum dos dois.

  • Caso você goste de alguém beeem feioso e teve coragem de admitir, isso é ter caráter.

  • Caso você goste de alguém beeem bonito e não teve coragem de admitir, isso é falta de coragem.

  • Caso você tenha dito que ama alguém sem realmente amá-la, tente ser convincente.

  • Caso você se ame além do que qualquer outro, parabéns! O primeiro passo para amar outra pessoa de um jeito saudável é se amar – verdadeiramente, sem Narcisos inclusos! – antes.

  • Caso você note que já não se satisfaz, e que pensa muito em alguém que não é você, cuidado. Isso é amor, mas tente em doses homeopáticas. O fato de viver a vida através de outra vida pode lhe causar problemas.

  • Mas quando você ta lá, sem pensar em nada, e lhe ocorre uma frase engraçada, um elogio bem-humorado, um sorriso característico ou uma bronca carinhosa, avise ao lembrado. Aposto que ele adoraria saber que você está pensando nele... E caso ele não sinta tanto entusiasmo com a noticia, então esqueça. Não é correspondido. E caso você sinta que ele fingiu, não finja que não viu... Esqueça. Nada vale se não for correspondido. Mas se você viu que ele gostou do que viu, então aproveite, porque esse é o sintoma máximo do bem-querer, chamego, amoreco, (procurar sinônimos) enfim, do amor!

    --
    Fala a voz da experiência, huhuhu...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

História de uma gata

Os Saltimbancos
Composição: Enriquez/Bardotti
Versão: Chico Buarque

Me alimentaram
Me acariciaram
Me aliciaram
Me acostumaram

O meu mundo era o apartamento
Detefon, almofada e trato
Todo dia filé-mignon
Ou mesmo um bom filé...de gato

Me diziam, todo momento
Fique em casa, não tome vento
Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
Tantos gatos pela rua
Toda a noite vão cantando assim

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás

De manhã eu voltei pra casa
Fui barrada na portaria
Sem filé e sem almofada
Por causa da cantoria

Mas agora o meu dia-a-dia
É no meio da gataria
Pela rua virando lata
Eu sou mais eu, mais gata
Numa louca serenata
Que de noite sai cantando assim

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás.
--

Essa é em homenagem a mim, rsrs...

Link para download (cantem comigo :p):
http://www.zshare.net/audio/518878052bf570c7/

The Raconteurs

Atualmente uma das minhas bandas favoritas, é formada pelos brilhantes Jack White (é, ele mesmo), Brendan Benson (vocais, guitarras, teclados), Jack Lawrence (baixo) e Patrick Keeler (bateria). Bom, não sei direito o que dizer do som deles, é um negócio bem estranho. Ah, qualquer dia desses eu posto os cds, hehe (dá uma preguiça upar arquivos nessa net do mal)...

Enquanto eu não crio coragem, deixo esse vídeo da música Salute your Solution, pra dar um gostinho de quero mais...

Enjoy it!

--
Link do segundo cd "Consolers of the Lonely"... O primeiro vai demorar um pouquinho...
Faixas:
01. Consolers of the Lonely
02. Salute your Solution (olhe para cima!)
03. You Don't Understand me
04. Old Enough
05. The Switch and the Spur
06. Hold Up
07. Top Yourself
08. Many Shades of Black
09. Five on the Five
10. Attention
11. Pull This Blanket Off
12. Rich Kid of Blues
13. These Stones Will Shout
14. Carolina Drama
Enjoy it again!!

Juno

Juno - Trailer Legendado


Trilha sonora linda... Abaixo uma das músicas do filme de que mais gosto...

Anyone Else But You
Michael Cera and Ellen Page
Composição: Inspirado em The Moldy Peaches

You're part time lover
And a full time friend
The monkey on the back
Is the latest trend

Don't see what
Anyone can see
In anyone else
But you

Here is a church
And here is a steeple
We sure are cute
For two ugly people

Don't see what
Anyone can see
In anyone else
But you

We both have
Shiny happy fits
Of rage
I want more fans
You want more stage

Don't see
What anyone can see
In anyone else
But you

I'm always tryin'
To keep it real
Now i'm in love
With how you feel

I don't see
What anyone can see
In anyone else
But you

I kiss you
On the brain
In the shadow
Of the train
I kiss you
All starry eyed
My body swings
From side to side

I don't see
What anyone can see
In anyone else
But you

The pebbles forgive me
The trees forgive me
So why can't
You forgive me?

I don't see
What anyone can see
In anyone else
But you

Du, du, du, du
Du, du, du, du
Du du du du
Du, du, du, du

I don't see
What anyone can see
In anyone else
But you

--
Lindo... Piegas, mas lindo...

Abaixo link para baixar a música... Vamos lá, sejam piegas comigo!
http://www.zshare.net/audio/518871182a368d41/

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Acasos

Tinha aquela garota, que trabalhava no banco. Olhava para ela e meu interior sorria. Enquanto ela batia carimbos e preenchia fichas eu a olhava. Olhava sem jeito como ela colocava o cabelo para trás da orelha, ou como ela fazia biquinho quando algo dava errado.
Ah, como eu olhava aquela mulher...
Eu olhava e ela não me dava bola. Mas como poderia? Ela era tão linda, esbelta, loura, ia trabalhar todo dia de carro, e tinha um jeito legal de olhar as coisas. Sabe quando você olha pra alguma coisa e vê outra coisa? Era assim que a Camila olhava para as nuvens, para as árvores, para os clientes, para o vento...
Ah, como ela olhava o vento e como eu a olhava...
Não que eu olhasse como os outros olhavam, eu olhava diferente, eu olhava e não deixava ela notar feeling algum que passava por mim. Na verdade, ela nem gostava muito de mim, ela dizia que eu não lhe fazia o tipo. É verdade, ela só andava com rapazes brancos, louros, e que tinham carro como ela. Ela não parecia ser acessível. Ela estava num pedestal. Eu achava que jamais conseguiria alcança-la.
Hoje em dia ela diz que eu fui o primeiro em tudo: o primeiro homem, o primeiro moreno, o primeiro fodido... Hoje nós temos filhos, somos felizes, a vida é boa... Hoje ela é mais sensível que ontem, ela deixou de dirigir e a mãe dela mora conosco, mas a vida é boa... Hoje nossa filha tem problemas, ela tem problemas, eu tenho problemas, mas, ainda assim, a vida é boa.
A vida é boa porque, enquanto eu e ela trabalhavamos naquele banco infeliz não imaginariamos que nossas vidas se cruzariam desse jeito por um feliz acaso, e que ela fosse, definitivamente, a banda da minha laranja...
Eu, o primeiro dela em tudo: primeiro homem, primeiro moreno, primeiro fodido...

--
Homenagem (mesmo que ela não saiba ainda) a Regi!! Amo aquela mulher, rsrs...

V de Vingança

V for Vendetta

"Remember remember, the 5th of November. Gunpowder, treason and plot. I see no reason why gunpowder, treason should ever be forgot..."

domingo, 23 de novembro de 2008

Dieta da cenoura - parte 3.

A secretária de minha tia, a Regina, disse que meu pé tá ficando laranja... Me mandou parar de comer cenoura... Aiai...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Pensamentos soltos...

Paguei R$ 12,00 para ser furada.

Certas coisas deviam ser de graça... ^^

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Novembro no Pelô!

Dia 14 (já foi...)
Orquestra Contemporânea de Olinda (PE), Wado (AL) e o grupo Quixabeira da Lagoa da Camisa (BA).
Dia 15 (já fui, hehe...)
Cidadão Instigado (CE), The Baggios (SE) e SubAquático (BA).
Dia 22 (Num fui! Mas me disseram que foi massa ^^)
Vanguart (MT), Cascadura (BA) e Móveis Coloniais de Acaju (DF).
Dia 29 (levando uma mala [2]...)
Banda Matiz (BA) e as cantoras Silvia Machete (RJ) e Mallu Magalhães (SP).

E adivinha!? A MEIA É R$ 1,00!!!

Adoro a Bahia, rsrs...
Uhullll!!!

Aiai...


Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
A sombra uma paisagem
Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa

Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra ao meu favor
Às vezes eu pressinto
E é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussura em meu ouvido
Só o que me interessa

A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa...

Lenine, Labiata.
Aqui no TCA já foi...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Fullmetal Alchemist


O primeiro anime que eu assisto TODINHO!! Segue abaixo o enredo.

---
O anime conta a história de dois irmãos (Edward e Alfonse Elric), que tentam reviver a mãe (Trisha) através da alquimia. Mas, como a Transmutação Humana é proibida, eles desrespeitam a lei da Troca Equivalente, onde você precisa dar algo de valor igual por outro na transmutação. Portanto o Alfonse perde o corpo e o Edward a perna. Para salvar a alma do Alfonse e liga-la a uma armadura o Edward sacrifica seu braço. Agora, a única esperança de conseguir o braço e perna de Ed e o corpo de Al é a Pedra Filosofal, que amplia os poderes da transmutação e não se submete a lei da Troca Equivalente.

Bom, muita coisa acontece ainda, se quiserem mais informações consultem o site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fullmetal_Alchemist#OVAs

A saga possue 51 episódios(http://www.alchemistproject.net/),
10 OVAS (http://www.alchemistproject.net/index.php?page=media/fma/ovas)
e 01 filme (http://www.alchemistproject.net/index.php?page=media/fma/filme), que é a continuação da história do anime.

Os canais que transmitem os episódios diariamente são o Animax e a RedeTv (com censura).

--
Não se preocupem, daqui a alguns dias eu não precisarei mais roubar os links dos outros. Farei o upload, huhu... Só preciso aprender a rotiar um modem, hee..

Por enquanto o desejo é enjoy it!

Saliva-me!

Eu vou!
"Só quero raspadinha meu bem
Se você quiser eu raspo tambéééééém"

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

IDIOTAS QUE FALAM OUTRA LINGUA - RUBEM FONSECA

Um quarto de dormir com um espelho no teto. Ao lado, a porta aberta, um banheiro. No quarto, uma cama de casal, uma cadeira, duas mesinhas de cabeceira, vários litros de Coca-Cola, dois deles vazios, pacotes de batata-frita, maços de cigarro. Silvia está nua, deitada na cama, com uma perna levantada, dobrada, o pé apoiado sobre o joelho. José Roberto está em pé, também nu, ao lado da cama, escovando os dentes.

JOSÉ ROBERTO (enquanto escova os dentes com uma escova sem pasta)

Odeio poucas coisas na vida e uma delas é que você escove os dentes com minha escova. Isso me irrita, não sei como você pode se confundir, nossas escovas são tão diferentes, vê?, a sua é azul, a minha é vermelha, está vendo, azul, vermelha, a sua tem a haste mais comprida, e as cerdas da minha são mais moles e estreitas, e a minha tem um furinho na ponta da haste, a sua não tem. Azul, está vendo?, vermelha, está vendo?, você não é daltônico, eu odeio, odeio, desculpe eu insistir, não é que eu tenha nojo de você, somos casados há quinze anos, mas eu sou, como direi, convencional, casei virgem porque sou convencional, eu escovo os dentes com a minha escova porque sou convencional, eu sou uma esposa fiel porque sou convencional, eu cuido da casa quando você sai pra trabalhar das nove da manha as nove da noite porque sou convencional, o homem trabalha e a mulher cuida da casa e eu aceito isso porque sou convencional e odeio que você escove os dentes com a minha escova porque sou convencional.

SÍLVIA

Você imita perfeitamente, só falta aquele hum ham que ela faz. Hum, ham.

JOSÉ ROBERTO

Ela falou meia hora sem parar sobre eu escovar os dentes com a escova dela. Foi nessa hora que eu decidi.

SÍLVIA

É por isso que você está escovando os dentes com a minha escova? Pra se vingar dela?

JOSÉ ROBERTO

Eu sempre escovei os dentes com sua escova.

SÍLVIA

E o que você faz todos os dias das nove da manhã as nove da noite?

JOSÉ ROBERTO

Venho para cá.

SÍLVIA
Segundas, quartas e sextas. E nas terças e quintas?

JOSÉ ROBERTO

Vou ao cinema. Tenho que criar um padrão. Para ela não desconfiar.

SÍLVIA

E porque você não vem pra cá nas terças e sextas?

JOSÉ ROBERTO

Quintas. Não quero cansar você.

SÍLVIA

Você nunca me cansa, seu brutamontes fodedor.

JOSÉ ROBERTO

Você não quer saber o que eu decidi?

SÍLVIA

Você não pode decidir nada. O dinheiro é dela.

JOSÉ ROBERTO

Quer ou não quer saber?

SÍLVIA

Você já escovou os dentes. Vem para a cama. Estou pingando.

Sílvia abre as pernas e José Roberto deita-se sobre ela. Beijam-se. Movimentos de fornicação.

SÍLVIA

Anda, diz.

JOSÉ ROBERTO

Estou alucinado por você.

SÍLVIA

O que mais?

JOSÉ ROBERTO

Eu te amo, eu te amo.

SÍLVIA

O que mais?

JOSE ROBERTO

Eu te adoro.

SILVIA

Mais, mais!

JOSÉ ROBERTO

Você é meu sol, o ar que eu respiro (aspira ruidosamente o hálito ofegante da boca de Sílvia), a minha vida.

SILVIA

Fala, fala!

JOSÉ ROBERTO

Adoro foder com você. Meu anjo. Minha luz! Caramba!

SÍLVIA

Mais. Ai, ai, mais, mais, estou quase gozando.

JOSÉ ROBERTO

Adoro enfiar meu pau em você.

SÍLVIA

Estou gozando, me morde, goza comigo.

JOSÉ ROBERTO

Vou matar a Lili.

SÍLVIA

Me mata também. Diz que me mata!

JOSÉ ROBERTO

Eu te mato.

SÍLVIA

Estou gozando.

Os dois se abraçam furiosamente. Rolam na cama. Afinal ficam imóveis, José Roberto com o seu corpo sobre Sílvia, os dois com as pernas esticadas. José Roberto afasta seu rosto.

JOSÉ ROBERTO

Apareceram as olheiras. Gosto do teu rosto com as olheiras. Você ouviu o que eu disse?

SÍLVIA

Que me ama, que me adora. Tuas costas são lindas, cheias de músculos, olha ali no espelho. (Apanha um litro de Coca-Cola, que está vazio. Abre um outro. Enche um copo. Retira batatas do pacote. Bebe e come.) Você acredita nessa história e que Coca-Cola dá celulite?

JOSÉ ROBERTO

Vou matar Lavínia.

SÍLVIA

Só porque ela não deixa você escovar os dentes com a escova dela? Apanha um cigarro pra mim. (Roberto apanha um maço na mesinha de cabeceira ao lado dele.) Obrigada. Onde está o isqueiro? Você sempre me deixa com olheiras. O isqueiro está no banheiro. Deixa que eu vou apanhar.

No banheiro Sílvia, com um lápis de maquiagem, escurece ainda mais as olheiras sob seus olhos. Começa a voltar para o quarto e lembra-se de apanhar o isqueiro. Volta para o quarto.

JOSÉ ROBERTO

Você ouviu o que eu disse?

SÍLVIA

E o cigarro? Dá mesmo câncer?

JOSÉ ROBERTO

Você ouviu o que eu disse?

SILVIA

Que vai matar a Lavínia?

JOSÉ ROBERTO

Não agüento mais.

SÍLVIA

Podíamos fazer uma viagem juntos.

JOSÉ ROBERTO

Viajar é conhecer idiotas que falam outra língua.

SÍLVIA

Você sempre me deixa com olheiras, seu brutamontes fodedor.

JOSÉ ROBERTO

Eu não estou brincando. (José Roberto começa a se vestir.)

SÍLVIA

Você não vai tomar banho?

JOSÉ ROBERTO

Quero ficar com o teu cheiro no meu corpo. (Coloca carinhosamente a mão no púbis de Sílvia. Depois põe a mesma mão sobre o nariz e aspira ruidosamente.) O aroma da vida! Já te falei que antes de te conhecer eu tinha horror de boceta?

SÍLVIA

Leva um presente pra ela.

JOSÉ ROBERTO

O que?

SÍLVIA

Bombons. Pra ela ficar ainda mais gorda.

Cozinha ampla e moderna, cheia de gadgets, da cada de José Roberto e Lavínia. Ela veste um avental rendado sobre um vestido elegante de seda. Usa colar, brincos, anéis. Prepara a comida enquanto consulta um grosso livro de receitas.

LAVÍNIA (colocando os ingredientes numa saladeira)

Endive eu já botei. Alface, rabanete, cenoura, couve-de-bruxelas. Uma pitadinha de vinagre de maça. Ah, a lagosta. Misturar tudo.

José Roberto entra na cozinha com uma caixa grade de bombons na mão.

JOSÉ ROBERTO

Você agora deu para falar sozinha?

LAVÍNIA (escondendo o livro de receitas debaixo de um guardanapo)

Estou fazendo uma salada hum ham para você. Gostou do meu penteado? O Renan é um gênio. Quinze minutos, hum ham vinte no máximo, ele fez esse penteado. Ele não é um gênio hum ham?

JOSÉ ROBERTO

É um gênio.

LAVÍNIA

Como foi seu dia hoje?

JOSÉ ROBERTO

O de sempre. (Provando algo do prato e fazendo uma careta.) Endive de novo? Eu não sou coelho para comer esses troços.

LAVÍNIA

Na folga da Cilda eu sempre faço hum ham uma salada para você. Você tem que baixar o colesterol.

JOSÉ ROBERTO

Endive aumenta o colesterol. Ovo, manteiga, bacon fazem baixar o colesterol, é a ultima descoberta dos pesquisadores de uma universidade sueca.

LAVINIA

Só acredito nas hum ham pesquisas americanas.

JOSÉ ROBERTO

Os americanos confirmaram. Pesquisas recentes. Li isso ontem. Até recortei para você. Depois te mostro.

LAVÍNIA

Não hum ham acredito.

JOSÉ ROBERTO

Está me chamando de mentiroso? Você sabe que eu não minto nunca.

LAVÍNIA

As pesquisas são mentirosas, principalmente as últimas pesquisas. O que é isso que você tem na mão?

JOSÉ ROBERTO

Bombons.

LAVÍNIA

Bombons? Não, não, você sabe que eu não posso comer bombons. Isso da celulite, é um hum ham veneno horrível. (Tira a caixa de bombons da mão de José Roberto e abre a caixa ansiosamente.) Ainda mais esses bombons alemães, são veneno puro, somente uma louca varrida comeria essa hum ham porcaria, porque você faz isso comigo, por quê? Você sabe que eu não resisto, você é muito mal, eu não resisto hum ham bombons, é o meu vicio. (Come vorazmente os bombons, fala enquanto come.) Isto é um veneno, hum ham eu vou hum ham me arrepender, que delicia, uma vez ou outra (come, come) hum ham isto não faz mal, diz que uma vez ou outra hum ham bombom não faz mal. Diz, diz, diz.

JOSÉ ROBERTO

É um veneno. Mas não é o pior dos venenos.

LAVÍNIA (devorando os bombons)

Existe um veneno pior?

JOSÉ ROBERTO

Depende.

LAVÍNIA

Depende de que? Qual o pior veneno para você? Vê o que você fez?, acabei a caixa, meu Deus, hum ham que loucura, comi tudo, hum ham sou uma demente. Eu devia meter o dedo na garganta e vomitar essa porcaria. Qual o pior veneno para você?

JOSÉ ROBERTO

Sonhar.

LAVÍNIA

Que coisa mais sem pé nem cabeça.

JOSÉ ROBERTO

Certos sonhos são muito venenosos. Todos os sonhos são venenosos. Meus sonhos são venenosos.

LAVÍNIA

Você disse que não sonha nunca. Vamos para a sala, a mesa está pronta, tem pão preto, chá de jasmim e grapefruit para comer com a salada.

JOSÉ ROBERTO

Sabe qual é o meu sonho venenoso?

LAVÍNIA

Você tem que comer tudo. Uma boa esposa tem que tomar conta do marido.

JOSÉ ROBERTO

Meu sonho é matar você.

LAVÍNIA (rindo, um pouco perturbada)

Você não tem coragem de matar hum ham uma barata.

JOSÉ ROBERTO

Uma mulher, a própria mulher, é diferente.

LAVÍNIA

E como é que você ia me matar?

JOSÉ ROBERTO

Botando veneno no teu chá de jasmim.

LAVÍNIA

Onde é que está o hum ham veneno?

JOSÉ ROBERTO

Aqui no meu bolso.

LAVÍNIA

Mostra.

José Roberto tira do bolso um pequeno vidro escuro.

JOSÉ ROBERTO

Ei-lo.

LAVÍNIA

Você, hum ham vai botar no meu chá?

JOSÉ ROBERTO

Agora mesmo. Espere aqui. Não se mova.

Lavínia fica imóvel como uma estátua. José Roberto vai para a cozinha carregando duas xícaras de chá.

JOSÉ ROBERTO (volta, estendendo uma das xícaras para Lavínia)

Anda, toma.

LAVÍNIA

Você já me matou untes uma vez, lembra? Com veneno, hum ham também.

JOSÉ ROBERTO

Agora não é brincadeira.

LAVÍNIA

Você está triste. Não fica hum ham triste não. Não gosto de você triste.

JOSÉ ROBERTO

Desculpe. Desculpe.

LAVÍNIA

Isso acontece com muitos homens. De repente, o fogo apaga. E você não quis fazer o hum ham tratamento com aquele medico alemão.

JOSÉ ROBERTO.

Japonês.

LAVÍNIA

Japonês era o do ham hum implante. Implante eu era contra, eu te disse ham hum que era contra o implante, aquilo sempre duro, hum ham que coisa mais esquisita.

JOSÉ ROBERTO (bebendo da sua xícara)

Bebe o veneno.

LAVÍNIA (esvaziando a xícara num único gole)

Você é uma criança sabe?, hum ham, uma criança. E agora? Quer brincar de que? De caubói? Você é o mocinho e eu sou o bandido, ham hum a bandida. Vou apanhar o revolver.

JOSÉ ROBERTO

Desculpe, desculpe. Acho melhor você se sentar.

LAVÍNIA

Vamos para a mesa jantar.

JOSÉ ROBERTO

Senta.

LAVÍNIA

É um fenômeno mental, você sabe, hum ham, não sabe?

JOSÉ ROBERTO

Sei.

LAVÍNIA

Começou quando você começou a trabalhar com o meu pai. Acho que, deixa eu bater na madeira (bate na mesa), quando o meu pai morrer você fica bom, hum ham.

JOSÉ ROBERTO

É possível. Desculpe, desculpe.

LAVÍNIA

Você não precisa pedir desculpa. Isso hum ham acontece até com gente da policia, esses negros fortes.

JOSÉ ROBERTO

Está sentindo alguma coisa?

LAVÍNIA

Um pouco de fome.

JOSÉ ROBERTO

Só?

LAVÍNIA

E vontade de fazer xixi.

JOSÉ ROBERTO

Você não vai fazer xixi porra nenhuma, fica ai sentada. Não está sentindo dor de estomago?

LAVÍNIA

De estomago? Não.

JOSÉ ROBERTO

Nem mesmo uma dorzinha de cabeça?

LAVÍNIA

Não.

JOSÉ ROBERTO (passando a mão no próprio estomago)

Será que eu troquei as xícaras? Caramba, eu troquei as xícaras!

LAVÍNIA

Vamos comer. Você não disse que tinha que sair hoje a noite? Eu também tenho um hum ham compromisso mais tarde.

JOSÉ ROBERTO

Que porra de veneno é esse que não mata ninguém? O cara garantiu que uma gota matava um cavalo. Não se pode confiar em ninguém, puta que pariu, que inferno, nessas horas tenho vontade de morrer.

LAVÍNIA

Faz o implante, querido, um homem ham hum fica muito infeliz quando hum ham não consegue mais cumprir suas obrigações.

JOSÉ ROBERTO

Você vai ou não vai morrer?

LAVÍNIA

Vamos fazer de conta que eu morri. Pronto, morri.
(Fecha os olhos e deita a cabeça para trás.)

JOSÉ ROBERTO (jogando-se sobre Lavínia, agarrando-a pelo pescoço, fazendo-a cair no chão junto com a cadeira. Ajoelhado, ele esgana Lavínia)

Ham hum e morreu mesmo ham hum ham hum ham hum haaam huuum!

Os dois ficam caídos no chão, imóveis.

JOSÉ ROBERTO (levantando-se.)

Veneno de merda.

José Roberto anda pela cozinha. Apanha distraído um pedaço de endive, põe na boca e cospe.

JOSÉ ROBERTO

Endive. Quem foi que inventou essa merda? (Ajoelha ao lado de Lavínia.) Lavínia, Lavínia! (Sacode o corpo de Lavínia.) Você não está brincando, está? (Coloca o ouvido no peito dela.) Caramba, matei uma inocente, matei uma santa! Vou me entregar. Confesso tudo, mereço ser castigado.

José Roberto pega o telefone em cima da mesa e disca.

JOSÉ ROBERTO (ao telefone)

Vamos, vamos, atende. Alô, alô? Matei uma santa! Não está entendendo? Matei uma santa. O veneno não fez efeito, esganei. Como que eu esganei? Com as mãos, porra, agarrei ela pelo pescoço. Antes eu dei a ela o veneno mas o veneno não fez efeito, era um veneno que devia ser instantâneo e matar um cavalo, mas talvez só matasse cavalos, cada animal tem suas enzimas próprias e bateu no estomago dela e não fez efeito, as mulheres são mais fortes do que os cavalos, comprovadamente. Estou falando sério. Ela ficou ham hum ham hum e me deu endive para comer e tudo isso foi me irritando e eu dei o veneno para ela e o veneno não fez efeito e eu agarrei ela pelo pescoço e esganei. E você é a culpada. Claro que você é a culpada, eu te disse que ia matar a Lavínia e você concordou. Implicitamente. O que você vem fazer aqui? Juro que é verdade, ela está estendida aqui na minha frente, a santa, já começou a esfriar. Não sei o que vou fazer com o corpo! Eu estou calmo, eu estou calmo, até onde um assassino calouro pode manter-se calmo. Então vem, então vem. Então acaba de tomar banho e vem. (Desliga o telefone.) Vai demorar uma hora para chegar. Eu sei como ela é.

Toca o telefone. José Roberto tira o telefone do gancho e ouve.

JOSÉ ROBERTO (ao telefone. Surpreso)

Ham hum. (Ouve.) Hum ham. (Desliga o telefone.)

José Roberto senta-se, pensativo.

Tocam a campainha. Ele pega Lavínia e a coloca sentada na cadeira. Som de passos.

VOZ DE HOMEM

Lavínia? Você está ai, Lavínia? Trouxe o material, meu amor.

Um homem surge na porta da cozinha.

JOSÉ ROBERTO

Quem é você?

HOMEM

Silas. Meu nome é Silas. Vim trazer uma encomenda para dona Lavínia. (Nota agora, Lavínia, sentada na cadeira.) Que que houve com ela?

JOSÉ ROBERTO

Silas. Você é o cara que falou comigo no telefone. (Imita) Meu amor, estou levando o material.

SILAS

Pensei que era ela que tinha atendido, que estava resfriada. Você me enganou com o hum ham. Você é o marido?

JOSÉ ROBERTO

Sou o marido. E você quem é, meu amor?

SILAS

Você não ia sair?

JOSÉ ROBERTO

Mas não saí.

SILAS

O que houve com ela?

JOSÉ ROBERTO

Desmaiou.

Silas se aproxima. Olha o corpo.

SILAS

Lavínia, Lavínia, eu volto depois. Tchau.

José Roberto se põe na frente dele.

JOSÉ ROBERTO

Que material você trazia pra ela, meu amor?

SILAS

Isso é maneira de dizer. Trato todas as clientes de meu amor.

JOSÉ ROBERTO

Clientes?

SILAS

Doutor, doutor, sou eu quem fornece o pó para vocês.

JOSÉ ROBERTO

Pó? Para nós? Você está maluco? Eu não tomo nem pó de guaraná.

SILAS

A Lavínia cheira forte.

JOSÉ ROBERTO

Eu não sabia de nada disso. Seu traficante escroto.

SILAS

Tem muita coisa que você não sabe.

JOSÉ ROBERTO

O que, por exemplo?

SILAS

Deixa pra lá.

JOSÉ ROBERTO

Deixa pra lá porra nenhuma.

SILAS

E a culpa não é dela.

JOSÉ ROBERTO

É minha?

SILAS

Isso acontece. Podia acontecer comigo, mas aconteceu com você.

JOSÉ ROBERTO

O que aconteceu comigo?

SILAS

Ela me contou tudo, mas não fica bem eu falar, e ela pediu segredo. Você devia ter procurado um medico, meu chapa. Ela sofreu muito, demorou muito até, até... E eu sempre tratei ela com muito carinho... Ela disse que depois que nós, sabe como é, que é, sabe como é, ficamos íntimos, a relação dela com você melhorou muito. Quer dizer, você continua ao dando no couro, mas ela te trata bem, cuida do teu colesterol, mandou o pai dela te dar um aumento de salário, arranjou um remédio para tua caspa. Enfim, a vida de vocês melhorou muito.

JOSÉ ROBERTO (falando com seus botões)

Ela me enchia de endive enquanto me corneava. (Protestando.) Eu nunca tive caspa.

SILAS

Mas ela te trata bem, não trata?

JOSÉ ROBERTO

Tratava.

SILAS

Sabe por quê? Porque é uma mulher satisfeita. Modéstia a parte, isso você deve a mim. Tratava? Não trata mais? (Para Lavínia.) Hei, benzinho, trata bem ele.

JOSÉ ROBERTO

Devo estar sonhando.

SILAS

Ela está com uma cor esquisita. (Silas segura a mão de Lavínia.) A mão dela está fria. (Silas solta a mão de Lavínia. O braço de Lavínia balança desamparado.) Lavínia, Lavínia! Que marcas são essas no pescoço dela?

Silas recua. Os dois homens se olham.

SILAS

Eu acho melhor eu ir embora.

JOSÉ ROBERTO

Está com pressa?

SILAS

Tenho outra entrega para fazer.

JOSÉ ROBERTO

Como é que era? Vocês dois na cama?

SILAS

Tenho que ir.

José Roberto se põe na frente de Silas.

SILAS

Eu estou armado, meu chapa.

JOSÉ ROBERTO

Mostra a arma.

SILAS

Sai da minha frente.

JOSÉ ROBERTO

Mostra a arma, quero ver.

Silas tira uma faca da cintura.

SILAS

Sai da minha frente senão eu te corto.

JOSÉ ROBERTO

Você está pensando que eu sou broxa, não é? Não sou não, dou duas de pau dentro.

SILAS

Não foi isso que a Lavínia me contou.

JOSÉ ROBERTO

Você pra foder minha mulher tinha que cheirar pó, seu raquítico de merda. Olha aqui o meu braço! Está vendo o muque? (José Roberto tira o paletó, arregaça a manga e mostra o bíceps.) Mostra teu muque. Anda, mostra, fuinha, pilantra, traficante, analfabeto.

SILAS (brandindo a faca.)

O muque está aqui, seu corno broxa.

JOSÉ ROBERTO (abrindo uma gaveta da mesa e tirando uma faca comprida de cortar carne de dentro da gaveta. A gaveta cai no chão com um forte estrepido, espalhando garfos e facas.)

Eu não sou broxa, seu filho da puta.

SILAS

Eu ensinei sua mulher a foder. Ensinei sua mulher a rir.

José Roberto se atira sobre Silas e o golpeia no peito com a faca.

SILAS (pondo a mão no peito e cambaleando)

Você me pegou, me pegou feio.

JOSÉ ROBERTO

Então, heim, heim? Quem é o broxa?

SILAS

Você.

José Roberto levanta o braço para dar outro golpe.

SILAS

Chega, meu chapa. (Vira as costas para José Roberto e caminha lentamente em direção a pia.) nunca machuquei ninguém. Esta faca é só pra fazer farol... para impressionar os trouxas... (solta à faca, que cai no chão.) Meu negócio é dar felicidade para os outros. (Volta o rosto para José Roberto, cansado e melancólico.) Para as mulheres, principalmente.

Silas abre a torneira. Apóia-se na pia. Baixa a cabeça. Deita-se no chão.

JOSÉ ROBERTO

Hei, fuinha, levanta daí. Vou botar um bandeide nesse arranhão e você vai ficar novinho em folha. (José Roberto curva-se sobre Silas.) Não vai morrer e deixar a bomba na minha mão, seu bunda suja. Hei, hei (José Roberto sacode o corpo de Silas com força), seu subnutrido de merda, raquítico escroto, favelado fedorento, vai morrer com uma facadinha que não mata uma galinha? Isso parece um sonho, o filho da puta morreu, caramba!

Passos. Uma mulher surge na porta.

JOSÉ ROBERTO

Porra, Regina, você demorou demais e eu acabei fazendo outra cagada.

REGINA

Eu estava tomando banho quando você telefonou. Eu demoro secando e penteando os cabelos. Você sabe disso.

JOSÉ ROBERTO

Já pedi mil vezes para você cortar os cabelos.

REGINA

Você disse para eu NÃO cortar os cabelos.

JOSÉ ROBERTO

A culpa é sua. Eu matei a Lavínia por sua causa. Ai esse sujeito apareceu e disse que eu era broxa. Sabia que a Lavínia cheirava cocaína?

REGINA

Você matou ela porque ela cheirava cocaína?

JOSÉ ROBERTO

Não, não. Quando eu disse a você que ia abandonar Lavínia você me disse que eu não tinha coragem porque o dinheiro era dela.

REGINA

Eu disse isso?! Você está maluco?

JOSÉ ROBERTO

Isso parece um sonho.

REGINA

Você anda mesmo sonhando. Quando foi que eu disse isso?

JOSÉ ROBERTO

Ontem. Na sua casa.

REGINA

Ontem foi quarta-feira. Você nunca vai lá em casa nas quartas-feiras. Segundas, quartas e sextas você vai ao cinema. Para criar um padrão, como você mesmo diz.

JOSÉ ROBERTO

Isso parece um sonho.

REGINA

E agora?

O telefone toca.

JOSÉ ROBERTO

A coisa que eu mais odeio depois de dentista e endive é telefone.

REGINA

Atende.

JOSÉ ROBERTO

Tem uma coisa que eu nunca contei e devia ter te contado.

REGINA

Atende o telefone.

José Roberto atende o telefone.

JOSÉ ROBERTO (ao telefone)

Tem uma coisa que eu nunca te contei e devia ter contado. Aquela coisa de eu ir ao cinema nas segundas, quartas e sextas... O que? Está certo, eu me confundi, mas terças e quintas, bem, isso era mentira, eu não ia ao cinema nas terças e quintas, eu ia me encontrar com Regina. Quem é Regina? A minha outra namorada. Espera ai, espera ai, deixa eu te explicar, sou um homem dividido, um homem pode amar duas mulheres com o mesmo fervor, procura entender, minha querida. Outra coisa: foi você que disse que eu não podia me separar da Lavínia porque ela era dona do dinheiro?

REGINA (arrancando o telefone da mão de José Roberto com violência)

Alô, como é o seu nome? Sílvia? Olha aqui, Silvia, esse pulha enrolava nós duas. Segundas, quartas e sextas com você, terças e quintas comigo e aquele papo do cinema para criar um padrão. Ele também pedia para você chamar ele de brutamontes fodedor? (Regina dá vários socos no peito de José Roberto, que não se defende.) Estou batendo nele sim. Como? Dando socos no peito do brutamontes fodedor. Bater de leve? Sua idiota, ele tava passando você passando você para trás, estava me passando para trás e agora inventa que matou a mulher por nossa causa. Sim, estou dizendo, ele matou, ma-tou a mulher. Foi você quem disse que Lavínia era dona do dinheiro, não foi?

JOSÉ ROBERTO

Caramba, parece um sonho.

REGINA

Então vem. (Desliga o telefone.) Ela está vindo para cá.

JOSÉ ROBERTO

Que bom, a Silvia é uma pessoa muito prática.

REGINA (dando socos em José Roberto)

Eu também sou muito pratica, seu idiota. Vamos esconder o corpo desses dois infelizes.

JOSÉ ROBERTO

Você será considerada cúmplice se descobrirem. É melhor você ir embora.

REGINA

Quem é esse sujeito que chamou você de broxa?

JOSÉ ROBERTO

Um traficante de cocaína.

REGINA

Defunto barato. O problema vai ser o cadáver da Lavínia.

JOSÉ ROBERTO

Você é um gênio. Maior do que Renan.

REGINA

Quem é o Renan?

JOSÉ ROBERTO

O cabeleireiro dela.

REGINA (dando um soco em José Roberto)

Pára de confundir as coisas. Eu sou Regina, a outra é Silvia. Ela é loura ou morena?

JOSÉ ROBERTO

Loura.

REGINA

Uma loura e a outra morena. Para variar, seu cachorro.

JOSÉ ROBERTO

Nem pensei nisso.

REGINA

Esse closet tem chave? Vamos esconder os corpos aí dentro e depois pensar calmamente no que vamos fazer. Onde está a empregada de vocês?

JOSÉ ROBERTO

Hoje é dia de folga dela.

Os dois levam os cadáveres para o closet. Limpam o chão. Apanham no chão a gaveta de talheres, colocam no lugar e arrumam nela as peças espalhadas pelo chão. Ouve-se a campainha.

JOSÉ ROBERTO

Deve ser a Silvia. (Sai.)

REGINA (acende um cigarro, anda pela cozinha)

Preciso largar este vicio maldito, acho que vou fazer aquele tratamento com laser... Pela cozinha você pode saber quem é a mulher. Pela cozinha e pelo banheiro. Aposto que o banheiro está entulhado de perfumes, cremes, xampus, pomadas, depiladores, antimicóticos, desodorantes e uma balança. É o tipo de mulher que se pesa e se olha no espelho, se pesa e se olha no espelho. Ela não tem um cheiro, um pelo fora do lugar, uma carninha fora do lugar. Não tinha, agora morreu. Morreu, se fodeu. (Levanta o guardanapo que esconde o livro de receitas de cozinha.) Um livro de receitas de cozinha... Agora as dondocas deram para cozinhar, ficou na moda... Quero ver elas arearem as panelas... Salada meridional... três maçãs, dois tomates, um pimentão vermelho, um aipo pequeno, suco de limão, páprica... (Folheia o livro.) Salada de endives com abacate... salada de couve-flor crua com maçã... salada de cenoura crua com agrião e pepino... Este livro só tem salada... Isso não é cozinhar, cozinhar é ensopadinho, feijoada, sopa de entulho, rabada com polenta, carne assada com batatas coradas e molho de ferrugem, tem que ir no fogo, porra!

Entram Silvia e José Roberto. As duas mulheres se olham.

REGINA

Uma loura e outra morena. Uma de cabelo curto e outra de cabelo comprido. Uma magra e outra gorda. Cachorro diversificador!

JOSÉ ROBERTO

Esta é a Regina, esta é a Sílvia.

SILVIA

Vamos ao que interessa. Onde está o cadáver?

REGINA

No closet.

Silvia vai até o closet, abre a porta.

SÍLVIA

São dois? Quem é esse homem?

REGINA

Um sujeito que chamou ele de broxa.

SÍLVIA

Você matou um homem porque ele chamou você de broxa?

JOSÉ ROBERTO

O nome dele é Silas. É um traficante. Ele estava tendo um caso com a Lavínia.

REGINA

Isso você não me contou. Então a santa estava dando por ai, sendo comidinha de traficante. E cheirava cocaína. (Para Sílvia.) Você sabia que ela cheirava cocaína? A santa?

SÍLVIA

Como foi que você foi fazer uma coisa dessas?

JOSÉ ROBERTO

Meu bem...

SÍLVIA

Não me chama de meu bem.

JOSÉ ROBERTO

Não sei como isso aconteceu. Foi sem querer.

SÍLVIA

Você me disse que ia matar a Lavínia e eu não acreditei.

JOSÉ ROBERTO

Eu não queria, comprei um veneno com o prazo de validade vencido e depois agarrei ela pelo pescoço como se a estivesse agarrando pelo braço e quando fui ver tinha esganado ela.

REGINA

E o homem?

JOSÉ ROBERTO

Ele puxou uma faca para mim. (Abre a gaveta de talheres.) caramba, olha, essa faca aqui, está vendo como é diferente? É a faca dele. Não foi porque ele me chamou de broxa. Vocês sabem que eu não sou broxa. Não sabem? Não vão responder?

SÍLVIA

Teu carro está na garagem?

JOSÉ ROBERTO

Está.

SÍLVIA

Um traficante pode aparecer morto em qualquer lugar que ninguém dá bola. Traficante morto é a coisa mais natural que existe.

REGINA

Nem dá mais no jornal.

SÍLVIA

Então? A gente põe ele no carro e deixa num lugar deserto. Depois agente vê o que fazer com a Lavínia.

JOSÉ ROBERTO

Não precisa ir todo mundo. Bastam dois.

REGINA

Você e uma de nós.

JOSÉ ROBERTO

Ou vocês duas. Eu fico para atender o telefone.

Regina dá socos em José Roberto.

SÍLVIA

VOCÊ e uma de nós. Par ou ímpar?

REGINA

Par. Não, impar. Um, dois e três. Você ganhou. Eu vou.

Os três tiram o corpo de Silas do closet. José Roberto sai por um momento e volta com um lençol. Enrolam o corpo de Silas no lençol. Depois, Regina e José Roberto, um segurando em cada extremo do corpo, saem da cozinha.

SÍLVIA (abrindo a geladeira)

Só coisa de dieta. Quem tinha de fazer isso era eu, comer legumes, beber Coca-diet, malhar na academia, deixar de ser gordinha. Por enquanto passa, eu sou nova, as pessoas não me acham gorda, me acham opulenta. Mas essa sirigaita me chamou de gorda, eu fingi que não ouvi mas ela me chamou de gorda, (imita Regina) uma magra e outra gorda... Ela é minha rival, rivais dão golpes baixos, mas talvez ela tenha razão, daqui a pouco todo mundo vai me achar primeiro encorpada, depois nédia, depôs gordinha, depois gorducha, canhão, bucho, estrepe, eu sei, é assim que eu chamo elas. Aqui na barriga eu já posso sentir um pneuzinho maroto, e aqui, aqui em cima do peito, junto do braço tem essa gordurinha saliente, e aqui nas costas é só usar um sutiã apertado que a enxúndia aparece. Eu sou uma mulher pélvica, as mulheres pélvicas engordam mais que as mulheres claviculares, como esta Regina. Abre o olho Sílvia. (Pára na porta do closet.) Eu sou mesmo uma desalmada, egoísta, pensando nas minhas banhas enquanto uma infeliz está morta ali dentro. Morta, para sempre, e se tem céu não sei se ela merece ir para o céu, cheirando cocaína e corneando o marido, ainda que ele merecesse. Ai meu Deus, o que estou fazendo aqui, ajudando um criminoso a esconder um cadáver só porque ele é meu namorado e eu o amo. Ele não merece mas eu o amo, eu tenho que amar alguém, é melhor amar um safado do que ficar chupando o dedo. E está faltando homem no mercado. Porra, como está faltando homem... no tempo da minha mãe sobrava... Eu gostaria tanto de ouvir um pouco de musica agora, comer um sonho de valsa, esquecer tudo e ir para a cama com o meu brutamonte fodedor. (Acende um cigarro.) Também gostaria de deixar de fumar, mas se deixar de fumar eu engordo. A vida é dura.

Som de passos. Regina e José Roberto entram na cozinha.

REGINA

Deixamos o corpo num lugar deserto.

SÍLVIA

José Roberto, tenho uma coisa muito importante para dizer. Isso interessa também a você, Regina. É o seguinte: você tem que escolher entre nós duas. Com as duas não dá. Ou uma ou outra.

JOSÉ ROBERTO

Vamos deixar isso para depois.

REGINA

Agora. Também não gosto de repartir nada.

JOSÉ ROBERTO

Caramba.

REGINA

Caramba porra nenhuma.

SÍLVIA

Vamos. Decide.

JOSÉ ROBERTO

Um homem é capaz de amar duas mulheres ao mesmo tempo...

REGINA

Papo furado.

JOSÉ ROBERTO

Assim como pode gostar de poesia e musica ao mesmo tempo...

SÍLVIA

Eu sou o que? Música ou poesia?

JOSÉ ROBERTO

O que você é? Poesia.

REGINA

Ela é poesia? Essa gorda? Se há uma coisa que não combina com poesia é gordura.

SÍLVIA

Não quero brigar, podia chamar você de feixe de ossos, comida de cachorro, mas não quero brigar. Você é a poesia, eu sou a musica, tudo bem. Mas eu estudei Letras na faculdade.

REGINA (gritando)

Eu também estudei Letras!

SÍLVIA

E as minhas olheiras? O José Roberto adora as minhas olheiras. Eu tenho olheiras, você não tem.

REGINA

Essas olheiras são falsas. (Regina avança para Sílvia e com o dedo tenta apagar as olheiras de Sílvia.) Louras não tem olheiras.

As duas se engalfinham, caem, rolam pelo chão.

JOSÉ ROBERTO

Caramba! Parece um sonho. Essas mulheres enlouqueceram. Meninas, meninas! Vamos parar com isso! Sílvia, Regina, parem com isso. (Joga-se entre elas. Grita.) Nós temos que sumir com o cadáver de Lavínia.

As mulheres param de brigar. Ajeitam as roupas, os cabelos.

REGINA

O problema é seu. Não tenho nada com isso. E afinal, você vai ficar com quem? Comigo ou com ela?

JOSÉ ROBERTO

Você acha que eu tenho cabeça para resolver isso agora? Eu amo vocês duas, juro por Deus! Depois eu decido.

REGINA

Assim que agente sumir com o corpo de Lavínia.

JOSÉ ROBERTO

Assim que agente sumir com o corpo de Lavínia. Prometo, juro.

SÍLVIA

Vou fazer um cafezinho. Você gosta dele forte, não é, amor?

REGINA

Não muito forte. E ele usa adoçante artificial. Três gotas.

SÍLVIA

E você pensa que eu não sei? (Abre os armários, procura.) Está tudo mal organizado, você não acha nada, ah, está aqui o café, os filtros de papel, agora é só botar na cafeteira, ligar e pronto.

JOSÉ ROBERTO (enquanto toma café)

E se agente emparedar a Lavínia? Emparedar uma pessoa não é uma coisa aviltante. E talvez os vermes não comam o emparedado, talvez ele seque como uma múmia. (Percebendo duvida no rosto das mulheres.) Não? É uma pena. Lavínia adoraria não ser comida pelos vermes.

SÍLVIA

Aqui na parede da cozinha?

JOSÉ ROBERTO

Eu tenho uma parede muito boa na área interna que dá para o pátio, o pátio está em obras e os pedreiros deixaram picaretas, areia, cimento, tudo, e só voltam segunda-feira. Venham ver só.

Saem todos. Silencio. Vemos apenas a cozinha vazia um tempo enorme, um tempo irritante, que parece que não passa, que sugere que nada mais vai acontecer, que faz supor que acabou o espetáculo. Alguém na platéia bate palmas. Imediatamente ouve-se um ruído forte e profundo de impacto, e mais outro, batidas que ressoam no espaço da cozinha. Depois um estrondo assustador.

REGINA (off)

Você jogou a parede no chão, seu maluco!

Silencio. Trinta segundos. Entram José Roberto, sujo de detritos, carregando uma picareta, Regina e Sílvia.

JOSÉ ROBERTO

Há coisas que só acontecem comigo. Na casa de meu avô tinha uma parede que precisava ser demolida, de tijolo, só tijolo, e foi preciso um trator, sabe aquele de esteiras?, foi preciso um trator para derrubar a parede.

REGINA

E acharam sua avó emparedada, mumificada e feliz?

JOSÉ ROBERTO

Vou pegar a Lavínia pelo braço e esgano ela, dou uma facadinha à-toa no traficante e mato o sujeito, dou uma picaretada na minha parede e ela desaba. Caramba!

SÍLVIA

Teu astral não está bom. Você devia tomar um banho de sal grosso.

REGINA

E deve ter acordado os vizinhos.

JOSÉ ROBERTO

A casa mais próxima está a mais de duzentos metros. E as arvores abafam o ruído. Os vizinhos que poderiam ouvir são um casal de surdos.

REGINA

É. É um casal de surdos.

SÍLVIA

São um casal de surdos.

JOSÉ ROBERTO

Não vamos brigar por isso. Foda-se a concordância gramatical. Vou tomar um banho.

José Roberto sai.

REGINA

Ele é assim. Foda-se a concordância gramatical, foda-se a lógica, foda-se a fidelidade, foda-se a esposa, fodam-se as namoradas.

SÍLVIA

SÃO um casal de surdos.

REGINA

Fodam-se, foda-se o casal de surdos! (Toma um café.) Foda-se esse café frio! Há quanto tempo você namora com ele?

SÍLVIA

Quatro meses.

REGINA

Eu namoro há oito. No principio ele se encontrava comigo nas segundas, quartas e sextas, depois... Espera ai, tem exatamente quatro meses que ele disse que não podia mais se encontrar comigo nas segundas, quartas e sextas e passou a me ver nas terças e quintas. Foi quando ele te conheceu. Cachorro. O próximo passo dele é me largar, arranjar outra e passar você para as terças e quintas. Acho que até já sei quem é. Ele tem me falado muito numa mocinha que estuda balé.

SÍLVIA

Luciana. Ele me falou nela também.

SÍLVIA E REGINA (simultaneamente)

Filho da puta!

REGINA

Nós fomos os brinquedinhos dele. Quando ele enjoa, joga fora. Daqui a quatro meses ele passa a jovem bailarina para as terças e quintas, que serão os teus dias, e você está fora do esquema. E depois será a vez da bailarina dançar de verdade. Tenho certeza de que antes de nós, havia outras duas chamando ele de brutamenotes fodedor. Que ele descartou também.

SÍLVIA E REGINA

Filho da puta!

SÍLVIA

E nós bobamente escondendo os cadáveres desse traidor.

REGINA (limpando os olhos)

Eu amo esse cara.

SÍLVIA

Você está chorando?

REGINA

Estou. E você não está com vontade de chorar?

As duas se abraçam chorando.

REGINA (chorando, pega o telefone)

Acho melhor agente chamar a polícia. (Disca.) É da polícia?

José Roberto surge, nu, com a picareta nas mãos.

JOSÉ ROBERTO

Vocês estão chamando a policia? Querem me ver na cadeia? (Levanta a picareta sobre a cabeça.) Vou matar as duas.

SÍLVIA (chorando)

Você é um homem bom, doce e gentil.

REGINA (chorando)

Eu pedi para você matar uma barata e você não matou. Lembra?

José Roberto se aproxima das mulheres com a picareta nas mãos. Abraçam-se. Beijam-se. Ouve-se a campainha.

JOSÉ ROBERTO (olhando pela janela da cozinha)

É a vizinha surda. Caramba! Parece um sonho.

REGINA

Vai se vestir. Deixa que eu falo com ela.


FIM

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Dieta da cenoura - parte 2.

Uma amiga de uma amiga comeu muita cenoura e acabou ficando preta. Será que eu vou ficar preta!? Essa minha amiga disse que não é um preto "preto", é um preto fosco. Como eu não tenho uma cor definida, decidi parar de comer duas cenouras por dia. Só como uma. Até porque eu já engordei 2 quilos de outubro pra cá. Deve ser por conta da cenoura.

Fotografista

Segue agora um trabalho artístico. Minha primeira fotografia de estúdio!!! Bom, na aula de fotografia o professor nos passou um trabalho: copiar uma propaganda.
Escolhemos a seguinte:


Legal né!? Agora segue a que eu fiz, sem o auxilio do Photoshop:

E agora com o auxilio do Photoshop (leia-se Thauan, que não me ajudou, só fez tudo pra mim. Você é o CARA!! ^^)


E ficou assim. Acho que a modelo era meio gordinha. Talvez ela comesse muita cenoura...

Eu, etiqueta




Homenageando meu curso preferido (espero que tenham sentido um sarcásmo latente).

Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados aos meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-lo por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer, principalmente.)
E nisto me comprazo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar,
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante, mas objeto
Que se oferece como signo de outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que o meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.



(Carlos Drummond de Andrade)
“O todo sem a parte não é todo;
Mas a parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo.

Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.”

Gregório de Matos.
In José Miguel Wisnik.
Poemasescolhidos.
SP, Cultrix, 1976.
--
Dãa!!!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Dieta da cenoura


Eu como duas cenouras por dia. Será que faz mal?

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Paul Gilbert e Jimi Kidd - Raw Blues Power (2002)

Certo dia eu tava na casa de minha vó, usando o computador de meu primo e fazendo as mesmas coisas de sempre - msn e orkut - quando me deu vontade de ouvir música. Mas, assim, eu queria alguma coisa diferente daquilo que eu andava ouvindo por ai... Daí resolvi olhar as pastas dele. Entendam, ele toca guitarra - toca bem e tudo o safadinho - numa banda de pagode, o que não me inclinava a bulir nas pastas de música dele. Mas ele é um cara organizado, e tinha umas pastas assim: pagode, guitarra, rock, blues, etc e tal.. Fiquei indecisa e resolvi abrir o Media Player. Daí fui na biblioteca e vi uma música com um nome legal 'Girls Watching'. Cliquei. Sabe quando agente não dá nada pela música clicada!? Eu tinha essa sensação. Essa sensação durou uns três segundos...

Poisé, meu primeiro post de ouvir!! Resolvi começar com um albúm que realmente me inspira - isso se eu conseguir fazer o upload - o Raw Blues Power, do Paul Gilbert e o tio dele, o Jimi Kidd.

O Paul Brandon Gilbert nasceu em 1966 e foi influenciado pelas maiores influencias (huuu) que existem: Eddie Van Halen, Randy Rhoads, Yngwie Malmsteen, Jimi Hendrix e o Jimi Kidd. Sua primeira banda foi o Racer X, em 1985. Largou o Racer em 1989, montou o Mr. Big e ficou lá até 1999. Resolveu se ocupar com a carreira solo, mas assim mesmo voltou ao Racer X, como um projeto paralelo. Dizem que o Paul Gilbert é um cara bastante eclético, toca de pop ao heavy. Ah, dizem também que o album mostra influencias de blues e southern rock mescladas ao pop e hard rock. Eu, como não entendo nada disso, prefiro não comentar...

--
ps.: Não esqueci do Jimi Kidd não. Muito contrário disso. Eu não achei nada dele na net - tudo bem, minha pesquisa foi infâme -, então quem puder me ajudar com QUALQUER COISA, estamos agradecidos ^^!!


Enjoy it!


http://www.2shared.com/file/4189443/a3eff0b8/Paul_Gilbert__Jimi_Kidd_-_Raw_Blues_Power.html

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Pensamentos soltos

Eu to aqui, vazio. Oco. Parado. Às vezes acho que o mundo me acompanha, mas eu sei que não posso ser tão ingênuo assim. O mundo é nefasto e me ignora enquanto eu to aqui parado. Sentado, vegetando. Eu sei, eu podia ter feito coisas grandiosas, eu sei que o mundo poderia se beneficiar do meu intelecto, eu sei de tudo isso. Mas porque eu iria beneficiar algo que me é totalmente alheio? Eu não controlo o mundo. Eu não vejo o mundo e o mundo não me vê. Eu penso coisas e eu acho coisas, coisas que as pessoas “normais” dizem que não existem por conveniência. Simplesmente por saber que tem certas coisas que nós não podemos explicar. Porque, quando se assume que o ser humano é tolo e o mundo é tolo e eu sou tolo, as coisas perdem força. Afinal, a verdade é que as pessoas nascem de acordo com as normas, quase nunca tentam algo novo. E se tentam, não se iludam, é algo velho que foi modificado só pra suprir a necessidade humana de mudança. As coisas realmente novas são avaliadas pelos “juizes” da nossa querida sociedade de consumo. Se, e somente se for algo vendável eles deixam passar, mas se for algo complexo demais para as massas, eles repudiam e nos trancam em quartos escuros. Vazios, ocos e parados. E nós entramos em estado vegetativo, e tentamos nos adequar sem sucesso ao imenso conglomerado que é a cultura de massa. E ficamos esperando o mundo nos levar. Mas o mundo, para pessoas como eu, é como um mar calmo, sem brisa nem correnteza... eu fico lá, sentado numa canoa no meio do nada, esperando chegar numa margem qualquer.

--
Inspirado num senhor que costuma conversar com as pessoas que esperam ônibus do lado dele...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Milan Kundera

Riso? Alguém jamais se importa com o riso? Digo rir realmente, além da brincadeira, da caçoada, do ridículo. Rir, satisfação imensa e deliciosa, satisfação completa...
Eu dizia a minha irmã, ou ela me dizia, vem, vamos brincar de rir? Detávamos uma ao lado da outra numa cama e começávamos. Fingindo, é claro. Risos forçados. Risos ridículos. Risos tão ridículos que nos faziam rir. Então ele vinha, o verdadeiro riso, o riso inteiro, nos levar em sua imensa vaga. Risos explodidos, retomados, sacudidos e loucos... E ríamos até o infinito do riso de nossos risos... Ah, o riso! Riso de satisfação, satisfação do riso; rir é viver de maneira muito profunda.

O texto que acabo de citar foi tirado de um livro intitulado Parole de femme. Ele foi escrito em 1974 por uma das apaixonadas feministas que marcaram com um traço característico o clima de nosso tempo. É um manifesto místico da alegria. Ao desejo sexual do macho, dedicado aos instantes fugazes da ereção, portanto fatalmente associado à violência, ao aniquilamento, ao desaparecimento, a autora opõe, exaltando-o como seu oposto, o prazer feminino, suave, onipresente e contínuo. Para a mulher, desde que ela não seja alienada de sua própria essência, comer, beber, urinar, defecar, tocar, ouvir, ou mesmo estar presente, tudo é prazer. Essa enumeração de volúpias estende-se através do livro como uma bela ladainha. Viver é bom: ver, ouvir, tocar, beber, comer, urinar, defecar, mergulhar na água e olhar o céu, rir e chorar. E se o coito é belo, é porque ele é a totalidade dos prazeres possíveis da vida: o tocar, o ver, o ouvir, o falar, o sentir, mas ainda o beber, o comer, o defecar, o conhecer e o dançar. O amamentar também é uma alegria, mesmo o parto é uma satisfação, a menstruação é uma delicia, essa saliva morna, esse leite obscuro, esse escoamento morno e como que adocicado do sangue, essa dor que tem o gosto quente da felicidade.

Só um imbecil poderia rir desse manifesto da alegria. Todo misticismo é um exagero. O místico não deve temer o ridículo, se quiser ir até o fim, até o fim da humildade, ou até o fim do prazer. Assim como Santa Teresa sorria em sua agonia, Santa Annie Leclerc (é assim que se chama a autora do livro de onde tirei as citações) afirma que a morte é um fragmento de alegria e que só o macho a teme, porque está miseravelmente preso a seu pequeno eu e a seu pequeno poder.

No alto, como se fosse a abobada desse templo da volúpia, explode o riso, transe delicioso da felicidade, auge extremo da alegria. Riso de satisfação, satisfação do riso. Incontestavelmente, esse riso está além da brincadeira, da caçoada, do ridículo. As duas irmãs deitadas na cama não riem de nada de preciso, o riso delas não tem objeto, é a expressão do ser que se alegra em ser. Do mesmo modo que, pelo seu gemido, a pessoa que sofre prende-se ao momento presente de seu corpo que sofre (e fica inteiramente fora do passado e do futuro), também aquele que explode nesse riso extático fica sem lembrança e sem desejo, pois lança seu grito no momento presente do mundo e só quer saber desse momento.

O Livro do Riso e do Esquecimento, Milan Kundera.

A morte da galinha

Foi em agosto. Me lembro como se fosse ontem. A família toda reunida lá na casa de vó, coisa que acontecia sempre... Agente sempre ia pra lá nos fins de semana, fazer uma reunião de família com churrasco e cerveja no quintal. Mas nesse mês de agosto não foi como os outros... Explico por que.

Uns seis meses antes meu vô trouxe do interior uma ninhada de pintinhos. Uns pintinhos lindinhos, fofinhos e amarelinhos. Mas tinha um que era cinza, feio que doía, e eu resolvi pegar pra criar. Sei lá, eu tenho um instinto maternal feroz e fiquei feito besta com a cara do bichinho. Passei a chamá-lo de Rôni, mas depois de um tempo descobri que era fêmea, e daí virou Rônia. Eu era uma criança, vai entender... O que eu quero realmente mostrar pra vocês é que eu amava aquela galinha: conversava com ela, brincava e até dividia meu almoço com ela... Nós éramos muito amigas.

Mas eu tive que mudar de casa. Fui morar num apartamento, e não aceitavam galinhas lá. Sintam só a minha dor! Fiquei pensando nela, a pobrezinha deve ter morrido sem minha presença. Então, era de se esperar que na primeira oportunidade eu tive que ir lá pra ver a minha amiga. A oportunidade apareceu depois de um mês... Um longo e desesperado mês! Mas vóinha me ligou chamando pra comer lá no fim de semana, e eu que não sou besta, pensei em ir ver a bichinha e comer a comida de vó, que não se recusa.

Cheguei, cumprimentei todo mundo e perguntei pra minha vó onde que tava minha galinha. E ela me respondeu sorrindo: -aqui!, indicando uma panela fumegante de galinha. Rapaz, eu entrei em desespero! Como que ela podia fazer isso? Comer um bicho de estimação, que coisa nojenta! E o pior foi ela tentando se justificar, dizendo que a Rônia tava muito velha, que tinha que comer logo pra a carne não ficar dura, e que a Rônia não era choca!! Ahh, só porque a pobrezinha não era fértil, que maldade... Duvido que ela ia gostar se eu a matasse pra comer, já que a pobre tava ficando caduca. Bom, eu admito, quase vomitei na hora, mas tive que comer minha amiga porque tempero de vó não se recusa.

Eu só sei que depois dessa desventura eu só vou criar cachorro, que depois de velho ninguém mata pra comer.

Eu bebo sim...

Homenagem a família...


Eu tinha em casa dez garrafas de cachaça, da boa. Mas a minha mulher obrigou-me a joga-las fora.
Peguei a primeira garrafa, bebi um copo e joguei o resto na pia.
Peguei a segunda garrafa, bebi outro copo e joguei o resto na pia.
Peguei a terceira garrafa, bebi o resto e joguei o copo na pia.
Peguei a quarta garrafa, bebi na pia e joguei o resto no copo.
Peguei o quinto copo, joguei a rolha na pia e bebi a garrafa.
Peguei a sexta pia, bebi a garrafa e joguei o copo no resto.
A sétima garrafa eu peguei no resto e bebi a pia.
Peguei no copo, bebi no resto e joguei a pia na oitava garrafa.
Joguei a nona pia no copo, peguei na garrafa e bebi o resto.
No décimo copo, eu peguei a garrafa no resto e me joguei na pia.

*********

Cortesia da "BARRACA DO COSTA" em Taurú. Estrada de Cacha-Pregos, Vera Cruz-BA.

Tempo...

"O que é o tempo? Quando quero explica-lo não acho explicação. Se o passado é o que eu, do presente, lembro, e o futuro é o que, do presente, antecipo, não seria mais certo dizer que o tempo é só o presente? Mas, quanto dura o presente?"
Santo Agostinho (354-430)

Os dois lados

Deste lado tem meu corpo
Tem o sonho
Tem a minha namorada na janela
Tem as ruas gritando de luzes e movimentos
Tem meu amor tão lento
Tem o mundo batendo na minha memória
Tem caminho pro trabalho.

Do outro lado tem outras vidas vivendo da minha vida
Tem pensamentos sérios me esperando na sala de visitas
Tem minha noiva definitiva me esperando com flores na mão
Tem a morte, as colunas da ordem e da desordem.

Murilo Mendes, RJ, 1994.

Caminhando...

Tudo bem, vamos continuar...
Atendendo a pedidos (rsrs) vamos dar andamento nessa joça, hehe...

Resolvi, depois de muita falta de vergonha, postar uns escritos meus. Pois é, hoje vou começar com minha primeira poesia (cuti-cuti), e com outras que gosto mas não são minhas...

> O quintal do meu quarto e o quarto do meu quintal

No meu quarto têm uma janela,
já te conto o que há depois dela,
dentro há luzes, flores, canções
memórias de diversões
alguns vários momentos de complicações
e imagens de muitas uniões.

Já fora da minha janela tem um quintal
e nele há um varal.
Lá eu ponho e disponho qualidades,
desponho mais defeitos, na verdade.

No meu quarto tudo tem que ser limpo
e essa é a qualidade principal,
pois o meu quintal, como meu quarto,
é repleto de luzes, flores, canções,
simbolos, lutas, uniões,
coros, vidas, corações,
e alguns poucos limões.

Essa eu fiz com 14 anos... Depois dela descobri que não tenho talento pra poesia.

sábado, 13 de setembro de 2008

ID / PNL (continuação)


Continuando, temos a PNL. PNL significa Programação Neuro-Linguística, e pelo que eu entendi serve para você entrar em contato com suas inteligências ou personalidades múltiplas. Existem vários exercícios de "comunicação" com as tais personalidades, mas na aula eu aprendi uma técnica de relaxamento que é realmente eficaz. Eu tinha o arquivo em audio, mas infelizmente devido a minha estupidez copiei o bagulho errado. Bom, vou colar abaixo a técnica, junto com o link das outras técnicas de PNL, a quem interessar (aconselho que grave as instruções com um mp3 e escute enquanto medita. Funciona melhor.)

Enjoy it!


"Recomendações básicas para um bom exercício de relaxamento:
- Encontre um local arejado, tranqüilo e levemente escurecido.
- Use música de fundo com efeito tranqüilizador, de preferência música barroca. Deixe um bilhete na porta, solicitando não ser interrompido por meia hora.
- Dedique de 20 a 30 minutos por dia a esses exercícios e perceberá, com clareza, os benefícios, já nas primeiras semanas de prática.
- Deite-se de costas para o solo ou sente-se com a coluna reta e braços e pernas separados, para criar uma fisiologia adequada.
- Leia o exercício de forma suave e pausada, introduzindo algumas sugestões que reforcem a autoconfiança e a capacidade de atingir os objetivos desejados.


Exercício de Relaxamento e Consciência Corporal
- Deite-se de costas para o solo, com as mãos e pernas separadas, ou sente-se com a coluna reta. Inspire profunda e lentamente algumas vezes, atento ao ar que entra e que sai, enquanto relaxa mais e mais.
- Você pode sentir a sola de seus pés e comparar a sensação do pé direito com o pé esquerdo, enquanto todo o corpo vai liberando gradativamente. À medida que você ouve e escuta os sons ao seu redor, pode sentir cada parte de seus pés relaxando e sendo envolvido por uma energia criativa e refrescante.
- Você pode perceber os ossos de suas pernas e a corrente sangüínea, despertando a consciência de cada célula, com sua sabedoria e seu poder criativo.
- À medida que você percebe a respiração, todo o seu organismo vai se predispondo mais e mais a um relaxamento gostoso e profundo.
- Perceba a diferença entre as sensações da perna direita e da esquerda, dos seus joelhos, a parte superior das pernas, a sua cintura.
- E você percebe que é cada vez mais fácil relaxar. Mais uma vez volta sua atenção à sua respiração e se conscientiza dos seus órgãos internos, percebe a temperatura do seu corpo, suas sensações.
- E você pode então sentir a energia vital pulsando em seus órgãos internos, intestinos, estômago, rins, fígado, tudo funcionando harmonicamente. Pode sentir o ar e a energia vital entrarem pelos seus pulmões e encherem o seu corpo de uma vitalidade muito grande. O seu coração pulsa em sintonia com os ritmos harmônicos do Universo.
- Você pode soltar-se ainda mais enquanto mergulha profundamente num estado de paz e tranqüilidade. E percebe a diferença das sensações entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, entre os seus dedos.
- Uma onda de luz colorida chega a você, envolvendo-o numa energia que purifica e refresca. E você pode sentir o seu peito, as suas costas e os seus ombros. É como se a música penetrasse em seu corpo e fosse soltando cada tensão escondida, cada músculo, cada vértebra de sua coluna...
- Aos poucos os seus maxilares se soltam e você sente o seu rosto, o nariz, as orelhas, os olhos, os cabelos, a parte interna da sua cabeça. E mais uma vez respira suavemente e sente-se parte da energia que criou o Universo.
- Você pode se perguntar como se sente nas diversas áreas da sua vida e perceber que as suas palavras e atitudes causam desconforto ou insatisfação em si e nos outros. Há sempre opções de comportamentos que poderiam lhe trazer melhores resultados e mais satisfação no relacionamento consigo e com os outros. Procure encontrá-las...
- Em seguida, imagine-se sentindo-se parte do Universo, ligado a todo o maravilhoso mistério da vida. Todas as células de cada parte do seu corpo tornam-se receptivas à luz... (leia sempre suave e pausadamente).
- Você pode sentir então que novas possibilidades se abrem. Cada vez que você pratica este exercício, atinge níveis profundos e benéficos...
- Vá conectando-se com a sabedoria que nutre o seu corpo. Visualize uma cachoeira de luz descendo sobre você de uma maneira completamente revitalizadora. É como se toda a luz do Sol envolvesse o seu corpo de uma maneira carinhosa, e então, à medida que você relaxa mais e mais, encontra um equilíbrio muito profundo que lhe faz sentir que vale a pena viver, que a vida é plena de possibilidades...
- Então, todos os recursos do Universo tornam-se disponíveis para você, permitindo-lhe sentir esta realidade sem limites. Este poder liga você a um poder maior, onde reside toda a sabedoria, todo o conhecimento, toda a luz...
- Agora, vamos começar, lentamente, a retornar. Você pode respirar fundo algumas vezes (pausa longa). Mover suas mãos e seus pés (aguarde acontecer isto). Mover os braços e as pernas... A cabeça (aumente o volume da voz). Espreguiçar-se fazendo algum som... E retornar, no seu próprio ritmo, ao seu dia-a-dia perfeitamente disposto e alegre..."


Extraído do livro "Sinto, logo Existo", de Deroni Sabbi, pela Sabbi Institute Desenvolvimento Humano.



Segue agora o link do audio desse exercício, pra quem quiser experimentar...
A faixa 4 é um exercício aprofundado, como cês tão vendo acima. Já a faixa 5 é uma aprendizagem acelerada. Enjoy it!