quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Paul Gilbert e Jimi Kidd - Raw Blues Power (2002)

Certo dia eu tava na casa de minha vó, usando o computador de meu primo e fazendo as mesmas coisas de sempre - msn e orkut - quando me deu vontade de ouvir música. Mas, assim, eu queria alguma coisa diferente daquilo que eu andava ouvindo por ai... Daí resolvi olhar as pastas dele. Entendam, ele toca guitarra - toca bem e tudo o safadinho - numa banda de pagode, o que não me inclinava a bulir nas pastas de música dele. Mas ele é um cara organizado, e tinha umas pastas assim: pagode, guitarra, rock, blues, etc e tal.. Fiquei indecisa e resolvi abrir o Media Player. Daí fui na biblioteca e vi uma música com um nome legal 'Girls Watching'. Cliquei. Sabe quando agente não dá nada pela música clicada!? Eu tinha essa sensação. Essa sensação durou uns três segundos...

Poisé, meu primeiro post de ouvir!! Resolvi começar com um albúm que realmente me inspira - isso se eu conseguir fazer o upload - o Raw Blues Power, do Paul Gilbert e o tio dele, o Jimi Kidd.

O Paul Brandon Gilbert nasceu em 1966 e foi influenciado pelas maiores influencias (huuu) que existem: Eddie Van Halen, Randy Rhoads, Yngwie Malmsteen, Jimi Hendrix e o Jimi Kidd. Sua primeira banda foi o Racer X, em 1985. Largou o Racer em 1989, montou o Mr. Big e ficou lá até 1999. Resolveu se ocupar com a carreira solo, mas assim mesmo voltou ao Racer X, como um projeto paralelo. Dizem que o Paul Gilbert é um cara bastante eclético, toca de pop ao heavy. Ah, dizem também que o album mostra influencias de blues e southern rock mescladas ao pop e hard rock. Eu, como não entendo nada disso, prefiro não comentar...

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ps.: Não esqueci do Jimi Kidd não. Muito contrário disso. Eu não achei nada dele na net - tudo bem, minha pesquisa foi infâme -, então quem puder me ajudar com QUALQUER COISA, estamos agradecidos ^^!!


Enjoy it!


http://www.2shared.com/file/4189443/a3eff0b8/Paul_Gilbert__Jimi_Kidd_-_Raw_Blues_Power.html

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Pensamentos soltos

Eu to aqui, vazio. Oco. Parado. Às vezes acho que o mundo me acompanha, mas eu sei que não posso ser tão ingênuo assim. O mundo é nefasto e me ignora enquanto eu to aqui parado. Sentado, vegetando. Eu sei, eu podia ter feito coisas grandiosas, eu sei que o mundo poderia se beneficiar do meu intelecto, eu sei de tudo isso. Mas porque eu iria beneficiar algo que me é totalmente alheio? Eu não controlo o mundo. Eu não vejo o mundo e o mundo não me vê. Eu penso coisas e eu acho coisas, coisas que as pessoas “normais” dizem que não existem por conveniência. Simplesmente por saber que tem certas coisas que nós não podemos explicar. Porque, quando se assume que o ser humano é tolo e o mundo é tolo e eu sou tolo, as coisas perdem força. Afinal, a verdade é que as pessoas nascem de acordo com as normas, quase nunca tentam algo novo. E se tentam, não se iludam, é algo velho que foi modificado só pra suprir a necessidade humana de mudança. As coisas realmente novas são avaliadas pelos “juizes” da nossa querida sociedade de consumo. Se, e somente se for algo vendável eles deixam passar, mas se for algo complexo demais para as massas, eles repudiam e nos trancam em quartos escuros. Vazios, ocos e parados. E nós entramos em estado vegetativo, e tentamos nos adequar sem sucesso ao imenso conglomerado que é a cultura de massa. E ficamos esperando o mundo nos levar. Mas o mundo, para pessoas como eu, é como um mar calmo, sem brisa nem correnteza... eu fico lá, sentado numa canoa no meio do nada, esperando chegar numa margem qualquer.

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Inspirado num senhor que costuma conversar com as pessoas que esperam ônibus do lado dele...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Milan Kundera

Riso? Alguém jamais se importa com o riso? Digo rir realmente, além da brincadeira, da caçoada, do ridículo. Rir, satisfação imensa e deliciosa, satisfação completa...
Eu dizia a minha irmã, ou ela me dizia, vem, vamos brincar de rir? Detávamos uma ao lado da outra numa cama e começávamos. Fingindo, é claro. Risos forçados. Risos ridículos. Risos tão ridículos que nos faziam rir. Então ele vinha, o verdadeiro riso, o riso inteiro, nos levar em sua imensa vaga. Risos explodidos, retomados, sacudidos e loucos... E ríamos até o infinito do riso de nossos risos... Ah, o riso! Riso de satisfação, satisfação do riso; rir é viver de maneira muito profunda.

O texto que acabo de citar foi tirado de um livro intitulado Parole de femme. Ele foi escrito em 1974 por uma das apaixonadas feministas que marcaram com um traço característico o clima de nosso tempo. É um manifesto místico da alegria. Ao desejo sexual do macho, dedicado aos instantes fugazes da ereção, portanto fatalmente associado à violência, ao aniquilamento, ao desaparecimento, a autora opõe, exaltando-o como seu oposto, o prazer feminino, suave, onipresente e contínuo. Para a mulher, desde que ela não seja alienada de sua própria essência, comer, beber, urinar, defecar, tocar, ouvir, ou mesmo estar presente, tudo é prazer. Essa enumeração de volúpias estende-se através do livro como uma bela ladainha. Viver é bom: ver, ouvir, tocar, beber, comer, urinar, defecar, mergulhar na água e olhar o céu, rir e chorar. E se o coito é belo, é porque ele é a totalidade dos prazeres possíveis da vida: o tocar, o ver, o ouvir, o falar, o sentir, mas ainda o beber, o comer, o defecar, o conhecer e o dançar. O amamentar também é uma alegria, mesmo o parto é uma satisfação, a menstruação é uma delicia, essa saliva morna, esse leite obscuro, esse escoamento morno e como que adocicado do sangue, essa dor que tem o gosto quente da felicidade.

Só um imbecil poderia rir desse manifesto da alegria. Todo misticismo é um exagero. O místico não deve temer o ridículo, se quiser ir até o fim, até o fim da humildade, ou até o fim do prazer. Assim como Santa Teresa sorria em sua agonia, Santa Annie Leclerc (é assim que se chama a autora do livro de onde tirei as citações) afirma que a morte é um fragmento de alegria e que só o macho a teme, porque está miseravelmente preso a seu pequeno eu e a seu pequeno poder.

No alto, como se fosse a abobada desse templo da volúpia, explode o riso, transe delicioso da felicidade, auge extremo da alegria. Riso de satisfação, satisfação do riso. Incontestavelmente, esse riso está além da brincadeira, da caçoada, do ridículo. As duas irmãs deitadas na cama não riem de nada de preciso, o riso delas não tem objeto, é a expressão do ser que se alegra em ser. Do mesmo modo que, pelo seu gemido, a pessoa que sofre prende-se ao momento presente de seu corpo que sofre (e fica inteiramente fora do passado e do futuro), também aquele que explode nesse riso extático fica sem lembrança e sem desejo, pois lança seu grito no momento presente do mundo e só quer saber desse momento.

O Livro do Riso e do Esquecimento, Milan Kundera.

A morte da galinha

Foi em agosto. Me lembro como se fosse ontem. A família toda reunida lá na casa de vó, coisa que acontecia sempre... Agente sempre ia pra lá nos fins de semana, fazer uma reunião de família com churrasco e cerveja no quintal. Mas nesse mês de agosto não foi como os outros... Explico por que.

Uns seis meses antes meu vô trouxe do interior uma ninhada de pintinhos. Uns pintinhos lindinhos, fofinhos e amarelinhos. Mas tinha um que era cinza, feio que doía, e eu resolvi pegar pra criar. Sei lá, eu tenho um instinto maternal feroz e fiquei feito besta com a cara do bichinho. Passei a chamá-lo de Rôni, mas depois de um tempo descobri que era fêmea, e daí virou Rônia. Eu era uma criança, vai entender... O que eu quero realmente mostrar pra vocês é que eu amava aquela galinha: conversava com ela, brincava e até dividia meu almoço com ela... Nós éramos muito amigas.

Mas eu tive que mudar de casa. Fui morar num apartamento, e não aceitavam galinhas lá. Sintam só a minha dor! Fiquei pensando nela, a pobrezinha deve ter morrido sem minha presença. Então, era de se esperar que na primeira oportunidade eu tive que ir lá pra ver a minha amiga. A oportunidade apareceu depois de um mês... Um longo e desesperado mês! Mas vóinha me ligou chamando pra comer lá no fim de semana, e eu que não sou besta, pensei em ir ver a bichinha e comer a comida de vó, que não se recusa.

Cheguei, cumprimentei todo mundo e perguntei pra minha vó onde que tava minha galinha. E ela me respondeu sorrindo: -aqui!, indicando uma panela fumegante de galinha. Rapaz, eu entrei em desespero! Como que ela podia fazer isso? Comer um bicho de estimação, que coisa nojenta! E o pior foi ela tentando se justificar, dizendo que a Rônia tava muito velha, que tinha que comer logo pra a carne não ficar dura, e que a Rônia não era choca!! Ahh, só porque a pobrezinha não era fértil, que maldade... Duvido que ela ia gostar se eu a matasse pra comer, já que a pobre tava ficando caduca. Bom, eu admito, quase vomitei na hora, mas tive que comer minha amiga porque tempero de vó não se recusa.

Eu só sei que depois dessa desventura eu só vou criar cachorro, que depois de velho ninguém mata pra comer.

Eu bebo sim...

Homenagem a família...


Eu tinha em casa dez garrafas de cachaça, da boa. Mas a minha mulher obrigou-me a joga-las fora.
Peguei a primeira garrafa, bebi um copo e joguei o resto na pia.
Peguei a segunda garrafa, bebi outro copo e joguei o resto na pia.
Peguei a terceira garrafa, bebi o resto e joguei o copo na pia.
Peguei a quarta garrafa, bebi na pia e joguei o resto no copo.
Peguei o quinto copo, joguei a rolha na pia e bebi a garrafa.
Peguei a sexta pia, bebi a garrafa e joguei o copo no resto.
A sétima garrafa eu peguei no resto e bebi a pia.
Peguei no copo, bebi no resto e joguei a pia na oitava garrafa.
Joguei a nona pia no copo, peguei na garrafa e bebi o resto.
No décimo copo, eu peguei a garrafa no resto e me joguei na pia.

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Cortesia da "BARRACA DO COSTA" em Taurú. Estrada de Cacha-Pregos, Vera Cruz-BA.

Tempo...

"O que é o tempo? Quando quero explica-lo não acho explicação. Se o passado é o que eu, do presente, lembro, e o futuro é o que, do presente, antecipo, não seria mais certo dizer que o tempo é só o presente? Mas, quanto dura o presente?"
Santo Agostinho (354-430)

Os dois lados

Deste lado tem meu corpo
Tem o sonho
Tem a minha namorada na janela
Tem as ruas gritando de luzes e movimentos
Tem meu amor tão lento
Tem o mundo batendo na minha memória
Tem caminho pro trabalho.

Do outro lado tem outras vidas vivendo da minha vida
Tem pensamentos sérios me esperando na sala de visitas
Tem minha noiva definitiva me esperando com flores na mão
Tem a morte, as colunas da ordem e da desordem.

Murilo Mendes, RJ, 1994.

Caminhando...

Tudo bem, vamos continuar...
Atendendo a pedidos (rsrs) vamos dar andamento nessa joça, hehe...

Resolvi, depois de muita falta de vergonha, postar uns escritos meus. Pois é, hoje vou começar com minha primeira poesia (cuti-cuti), e com outras que gosto mas não são minhas...

> O quintal do meu quarto e o quarto do meu quintal

No meu quarto têm uma janela,
já te conto o que há depois dela,
dentro há luzes, flores, canções
memórias de diversões
alguns vários momentos de complicações
e imagens de muitas uniões.

Já fora da minha janela tem um quintal
e nele há um varal.
Lá eu ponho e disponho qualidades,
desponho mais defeitos, na verdade.

No meu quarto tudo tem que ser limpo
e essa é a qualidade principal,
pois o meu quintal, como meu quarto,
é repleto de luzes, flores, canções,
simbolos, lutas, uniões,
coros, vidas, corações,
e alguns poucos limões.

Essa eu fiz com 14 anos... Depois dela descobri que não tenho talento pra poesia.