segunda-feira, 31 de maio de 2010

Premeditação

Acabei de escrever. Desfrute. Frua. Fique a vontade.

--

Você sabia o efeito que aquele cabelo ia causar

E não se importava.

E o jeito que o seu vestido tinha-lhe aderido ao corpo

Não a intimidava.

O que os outros lhe diziam de jeito algum a incomodava.


O jeito que seu olhar fumegava, em condensa brasa,

me machucava.

E o pior, o pior de tudo,

É que tudo você premeditava.


Lamurias não lhe chamavam atenção,

Passavam-lhe ignoradas.

E o jeito que o espelho reluzia seu corpo nu

Me orgulhava.

Não importava o tipo de sapato, a cor da bolsa que usava,

Ela sempre se achava radiante, iluminada.


O jeito que ela andava, gesticulava, falava cada palavra

Me machucava.

Mas o pior, o pior de tudo,

É que tudo ela premeditava.


--

Hihihi!!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

ENECOM Paraíba 2010!

NÃO VOU!!!
:/
Que massa...

terça-feira, 30 de março de 2010

Noturno

Indicação descaradinha.

Todos notaram, acredito eu, que a imagens dos "seres da noite" (leia-se vampiros) está cada vez mais deturpada pelos ditos vegetarianos brilhosos da saga Crepusculo. Não que exista rancor no meu coração por eles terem estragado uma lenda tão boa, mas é que os pobres adolescentes doentes pelos Edward, Jacob e Bela "caradebunda" (caramba, é impressionante como lhe falta expressão facial) não teriam a chance de conhecer uma real história de vampiros. Noturno transcende todas as histórias que eu conhecia de vampiros. Não são vampiros bonzinhos e sexys. São vampiros como deveriam ser. Seres sem consciencia.

Chuck Hogan e Guillermo Del Toro conseguiram, numa época dessa de vampirinhos bonzinhos, criar uma história "plausível" de vampiros. Tá, não existe história plausível de vampiros, mas eles tentaram. E, ao meu ver, conseguiram.

A história é uma trilogia, que eles chamaram carinhosamente de "Trilogia da Escuridão", e como eu tenho medo de spoilers, vou deixar o site, que tem informação até demais, pra vocês darem um saque.

http://www.trilogiadaescuridao.com.br/

Enjoy it!

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Pros intimos eu empresto o livro. O segundo sai no final do ano, hehe!

Privilégio de Pupila

Faz um tempo que não passo aqui. E voltei para postar um texto do meu mestre, que inocentemente pediu uma revisão. O diabo do texto é tão bom que merece que eu passe por cima de preconceitos "bloguistícos" do seu autor.

Foi mal Mr.!



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Morri.

Fui dormir e acordei num salão amplo, chão com fumaça de gelo seco, bem como o imaginário define o céu ou algo que o valha.

Havia um senhor com roupas longas e ar de poucos amigos, sentado numa grande cadeira. Aproximei-me ressabiado.

- Deus? – Eu, num fio de voz.

- Não! São Pedro! Não sabes que não podes ver a face do Senhor?! - Trovejou o velho, me fazendo arrepiar até os cabelos do toba.

- Que houve comigo?

- Não podes deduzir? Tu que te orgulhas tanto da capacidade dedutiva? – troou novamente e comecei a não gostar do rumo da prosa...

- É... parece que eu morri, mas o que é que eu estou fazendo aqui no céu?

- Aqui não é o céu, é o limbo. Aqui as almas são julgadas e destinadas ao gozo ou aos suplícios eternos!

- Gozo eterno!? - Perguntei animado.

- Referia-me à paz celeste! – Gritou e inclinou-se pra frente, fazendo menção de levantar da cadeira, pensei até ter visto um raio em sua mão direita...

- Ok, calma... Então isso aqui é um julgamento?

- Tu, que eras ateu, não esperavas ser julgado após a morte?

- Pra ser sincero não, e eu não sou ateu, sou agnóstico... O ateu acha que pode provar a inexistência de Deus e é na verdade um religioso às avessas. O agnóstico acha que tem coisa mais importante pra resolver na terra... Não sei se o Senhor e seu Chefe repararam, mas o bicho tá pegando lá embaixo seu São Pedro... Tem criança com câncer, tem o pessoal na África e tem...

- Chega!!! – Gritou, e fiquei achando que os trovões que ouvimos da terra são esporros celestiais.

- Tá bom, calma seu São Pedro...

- Tu leste tantos filósofos e não aprendeste nada!

- Nem todos falam bem do seu Chefe, o senhor sabe o que Nietzsche fez com ele não sabe?

- Nietzsche arde no fogo do inferno!!!

- Não diga...

- Esta tua ironia não ajuda o teu julgamento. Tu leste Pascal, ele fala da necessidade da aposta. Já que a razão não é capaz de determinar se Deus existe ou não...

- Seu são Pedro, dá licença, eu li “pensamentos” também... Se você aposta que Ele existe e Ele não existir, nada acontece. Se você aposta que Ele não existe e ele existir “cairá eternamente nas mãos de um deus hostil” ou seja, tá fudido...

- Olhe o linguajar, repreende tua língua! – Agora vi nitidamente um tenebroso raio na sua mão direita.

- Desculpa seu são Pedro, calma, Lapsus linguae! – Falei temendo morrer novamente – é que não fiz aposta nenhuma, só procurei ser leal e seguir meus princípios... Sem falar que Pascal morreu donzelo aos 39 anos... Até o Senhor deve achar isso esquisito.

- É bom que saibas que todo filósofo foi condenado aqui. Serás julgado pelos dez mandamentos do Senhor.

- Olha seu São Pedro, com relação à mulher daquele cara, o Senhor deve ter visto, não tinha como liberar e...

- Silêncio! Eu conduzo o julgamento! Primeiro mandamento: “amarás Deus sobre todas as coisas”. Algo em sua defesa?

- Não senhor seu São Pedro – Na verdade eu tinha, mas pensei que aquele raio devia doer até em gente morta...

- Condenado! Segundo mandamento: “Não tomar seu santo nome em vão”. Algo em sua defesa?

- Desse aí to liberado seu São Pedro, o senhor bem sabe que eu digeria minhas angústias com filosofia, Skol gelada e Caribé... Não botava Deus no bolo...

- Absolvido com ressalvas! Terceiro mandamento: “ Guardar os Domingos e Festas de Guarda”. Algo em sua defesa?

- Ôxi seu São Pedro, nesse aí eu tô de boa... eu só não, a Bahia inteira...todo domingo e dia Santo é um reggae retado e...

- Condenado com agravantes!!! Quarto mandamento: “Honrar pai e mãe”. Algo em sua defesa?

- É, tenho honrado meu pai, mas só pude honrar minha mãe por 18 anos seu São Pedro, ela morreu sabe? Na época eu era crente, me lembro que rezei pra caramba, mas acho que a conexão tava lenta... ou vocês estavam ocupados, sei lá...devia ter passado um fax...

- Chega! Absolvido! Já te adverti quanto às suas ironias! Quinto mandamento: ”Não matarás”

- Vontade não conta né? Então tranqüilo.

- Absolvido. Sexto mandamento: “Não pecarás contra a castidade” algo em sua defesa? - Nesse vi no seu rosto e na inflexão da voz uma grande dose de ironia...

- Olhe seu São Pedro, nesse caso específico eu queria alegar exceção de incompetência já que os delitos se deram lá embaixo e as cúmplices ainda estão vivas e...

- Tu és advogado?

- Não Senhor - falei humilhado - é que tenho muitos amigos advogados e...

- Saiba que todos os advogados vão direto pro inferno sem julgamento!!!

- Eu sei, eu até concordo mas é que....

- Condenado com sérios agravantes!! Sétimo mandamento: “Não roubarás”. Algo em sua defesa?

- As carambolas e aquele galo na roça de Seu Izidoro não conta não né?

- Absolvido com ressalvas. Oitavo mandamento: “Não levantar falso testemunho” Algo em sua defesa?

- Olha seu São Pedro, eu vou arriscar, pra mim todo metrossexual é pederasta...

- Condenado com agravante de preconceito!! – Oitavo mandam...

- Seu São Pedro dá licença? – atalhei fugindo da certíssima condenação no mandamento seguinte – Filósofo vai pro inferno, advogado vai pro inferno... Qual a atividade com maior índice de absolvição?

- Ahhh... tem os políticos! – Falou, com cinismo celestial.

- Como é rapaz?!

- É que eles têm foro privilegiado aqui e depois de uma vida de abnegada dedicação ao povo eles...

- Ói seu São Pedro, vida abnegada é o cacete! Você vá tomar no olho do seu...

O raio me pegou pela banda da cara... foi uma dor lancinante, caí para trás com os braços esticados.

Acordei molhado de suor, o coração na boca, os dedos numa posição obscena... e mais agnóstico do que nunca...


Nairson L.Santos.

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Tsc tsc... Ah se sua sogra vê um negócio desse, neguinho...

domingo, 13 de setembro de 2009

Semana de Comunicação (SECOM - UCSal)

De 14 a 18 de setembro de 2009. Inscrevam-se. Garantam suas vagas!!
***

Parece spam de orkut, mas não é não (ainda, rsrs). A Semana de Comunicação da Universidade Católica do Salvador está com as inscrições abertas.
Infelizmente algumas vagas da nossa grade já foram preenchidas, portanto, eis os eventos que temos disponíveis:

- PAINÉIS:

* Segunda, das 18h as 21h: "A Importância da Comunicação Social no 3º Setor"
Convidados: Projeto Axé, CIPÓ e Fundação Pierre Verguer;

* Terça, das 14h as 18h: "RPs, PPs e os seus desafios profissionais"
Convidado: Marcelo Chamusca (SINTERP)

* Quarta, das 18h as 21h: "O Crescimento da Industria Cultural no Brasil"
Convidados: Lícia Fábio, Reginaldo Santos (presidente dos blocos carnavalescos) e Adelmo Costa (presidente do Bloco Apaches do Tororó).

* Quinta, das 18hs as 21hs: "A Força do Rádio vs. Agencias de Propaganda"
Convidados: Ana Portela e Rita Batista vs. LEIAUTE, PROPEG e INPROMO.

- TALK-SHOW:

* Terça, das 18hs as 21hs: "A Mídia vs. Os Artistas"
Convidados: Denny (Timbalada), Falcão (Guig Guetto) e Alan Toreba (Banda Eva).

- MINI-CURSO

* Sexta, a partir das 14hs: "Produção Cultural"
Convidado: SEBRAE.

- WORKSHOP

* Sexta, a partir das 14hs: "Produção Audiovisual: Do Roteiro à Exibição Final"
Convidado: Anderson Soares.

As inscrições custam R$10,00 para alunos da UCSal e R$ 15,00 para alunos de outras universidades.

Para se inscrever basta ir ao campus da Lapa que estaremos fazendo inscrições. Ou mande um email!

Ah, e vocês tem direito a um certificado de 10hs.

Participem!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Tchaaaaram!!!

Isso é que é agilidade!! Agradecidissíma ao
meu Music Mr. EdSon, hehe.
Sem dar muito mole, disponibilizarei esse novo disco desses caras de quem sou fã!!
Acabei de baixar, estou na quarta faixa, e tô sem resenhas pra agora... Depois eu falo mais!
Enjoy it!!
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Ps.: O link é roubado do meu Mr. também. Não consigo upar nada nessa merda. Aff...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Beirut

É! Voltei...
***
Sem dúvida um dos melhores
shows - e mais estranhos - e mais
atrapalhados - que já tive o prazer de presenciar.


Descobri que haveria show no dia 01, se não me engano. No dia seguinte arrombei o cofre e fui pro SAC do Iguatemi comprar um ingresso. Uma senhora muito simpática me atendeu e me ofereceu a terceira fileira no teatro. Pense que emoção! Ver o Zack de pertinho (tiete groupie mode on). E todo dia eu esperava por Beirut. Ahhhh, até que na semana do show eu ligo pra um amigo meu e ele pergunta o numero da minha cadeira. Digo um inconsciente Z7-56. Aff, acho que se aquela senhora simpática morrer a culpa vai ser dos meus maus agouros. Enfim, deixemos de lado minhas desventuras e vamos resenhar um pouco do show.

Como se sabe, o PERCPAN é o Panorama Percursivo Mundial, e esse foi o 16º. E como se sabe, muita gente foi interessada mesmo em ver Beirut (e muita gente foi mesmo pra aparecer). Mas, tiveram mesmo umas apresentações bacanas no palco o TCA dia 04/09. Começou com um francês engraçado (Cyril Hernandes, pescado descaradamente da net) que faz um som bem cheio de experimentações, interagindo com o público e tal. Show de bola, mas quando o amigo dele (Ramiro Musotto, eu acho) começou a dançar e apertar uns bastões estranhos fazendo um som estranho de boate+microfonia eu saí da sala pra "tomar um ventinho". Daí quando voltei tava terminando a apresentação do Trio 3-63 do Rio de Janeiro, formado pelo Marco Suzano, Andrea Ernest e Paulo Braga. A droga é que eu me lembro de um guitarrista com uns 1000 pedais mas procuro na net e não acho o nome dele... Fiquei doida. Sim, continuando, rolou depois os caras do Japão, a Oki Dub Ainu Band, que vem da Ilha Hokaido e fazem um som bem bonito, intimista, daqueles que dá barato de verdade. E a música traduzida, muito bonita. Acho que eles eram esquimós. Depois deles rolou o Beirut. Começaram logo com Nantes, minha favorita. A visão lá da Z não era muito privilegiada, mas a dado momento do show, o Zack pediu pra a gente levantar, e acenderam as luzes e eu pensei: oba! Bom, depois de Nantes... bom, não lembro da set list. Mas tem uma foto aqui que vocês poderão dar uma boa olhada na caligrafia do Zack, hehe.

Rs, essa ai não sou eu. Mas essa é a pretendida set list do Zack. Não me lembro de ele ter tocado Sunday Smile, e pelo que vocês podem ver, ele alega estar um pouco doente. As más linguas dizem que ele estava bêbado, lombrado, fumado, doidão, etc. Eu sei que deu merda quando ele mandou a galera subir no palco. Foi assim que essa guria conseguiu esse pequeno souvenir, e alguma outra pessoa conseguiu o microfone dos caras e muita gente tomou cerveja importada, hehe. Uma pequena vergonha para todos nós, mas que ele foi bem otário, não há como negar...

Acredito que no youtube tenham alguns videos hospedados (muitos, muitos, muitos) do show, ou do mini-show. Falando francamente, eu esperava um pouco mais de música. E um final menos melancólico. Os caras sairam do palco e um funcionário do teatro disse que eles iriam tocar mais duas músicas, mas que queria o microfone de volta. Daí, depois o Zack volta pra cantar The Penalty mas encerra no meio dizendo "eu não posso mais cantar" com aquele sotaque "fofo" (adjetivo chato) dele.

Eu sei que tanto sacrificio só compensou mesmo em Nantes, que eu vi no meu cantinho, no fundinho, feliz da vida. Espero que eles venham de novo, e que todos nós tenhamos aprendido a lição, o Zack de não chamar mais a galera toda pro palco aqui em Salvador, e eu de conferir o ingresso no ato da compra, hehe.

Mesmo sendo uma noite cheia de surpresas, valeu a pena. Afinal de contas, a vida sem surpresa não teria graça alguma (frases de efeito mode on).

Ah, deixo ciente o meu protesto: FALTOU LEÃOZINHO!!

Agora será disponibilizada a discografia (não exatamente agora, hehe) deles. Enjoy it:

Albuns:

Gulag Orkestar (2006)

01. Gulag Orkestar
02. Prenzlaurberg
03. Brandenburg
04. Postcards From Italy
05. Mount Wroclay (Idle Days)
06. Rhineland (Heartland)
07. Scenic World
08. Bratislava
09. The Bunker
10. The Canals Of Our City
11. After The Curtain


The Flying Club Cup (2007)

01. A Call To Arms
02. Nantes
03. A Sunday Smile
04. Guyamas Sonora
05. La Banlieue
06. Cliquot
07. The Penalty
08. Forks And Knives (La Fete)
09. In The Mausoleum
10. Un Dernier Verre (Pour La Route)
11. Chersbourg
12. St. Apollonia
13. The Flying Club Cup

EPs:

Lon Gisland

01. Elephant Gun
02. My Family Role In The World Revolution
03. Scenic World
04. Carousels
05. The Long Island Sound

Pompeii

01. Fountains And Tramways
02. Napoleon On The Belleropheon


Elephant Gun

01. Transatlantique
02. Le Moribond - My Family Role In The World Revolution


Live:


Black Session At France Inter FM 11-26-FM

2007-03-16 KLRU Studios

Live@KOKO (Candem, London)

Alguma Outra Coisa:
Calexico&Beirut
The Joys Of Losing Weight - The Real People
É, isso ai.
Aloha!

terça-feira, 9 de junho de 2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Pensamentos soltos

Tava na casa de meu pai na sexta com meu irmão caçula, o Sérginho. Como diz a Chal, ele é um "menino esperto", rsrs...
Eu estava lá com ele, quando me ocorreu que ele poderia gostar do conto do Chico Buarque que tá ai embaixo, o Chapeuzinho Amarelo.
Ele estava meio impaciente, querendo jogar no Playstation, mas quando eu comecei a ler ele ficou quieto, ouvindo, e fazendo perguntas, comentando cada fala...
Foi uma experiência ótima. No final ele pediu pra imprimir, rsrs...
Depois ele voltou a encher o saco e eu obriguei-o a fazer o dever de casa. Acho que vou arrumar mais umas histórias dessas pra acalmar meu incrível e criativo irmão caçula. Alguém tem uma dica!?

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Ps.: Comecei a dieta do abacaxi. Depois explico direito, hehe...
Pps.: Espero que a Tamara leia essa postagem. Ela virou professora de criancinhas e faz os pobrezinhos ouvirem "vai buscar Dalila ligeiro"... Aff...

Contos de buzú


Iniciando - oficialmente - a série "Contos de Buzú", vou escrever um texto novinho. Gosto de chama-lo de Chuva vista por... que abrange o ponto de vista de cada um sobre a chuva atual.
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Chuva vista por... Bisa.

Nunca gostei de sair na chuva. Eu sempre gostei da sensação de aconchego que ela tras, você em casa assistindo filme, tomando chocolate quente arragada em alguém e debaixo de um edredom macio. Aquela velha cena clichê. Que delícia!

Hoje eu gosto de sair na chuva, dá para imaginar centenas de motivos que a fazem existir - incluindo aqueles obvios que a gente aprende na aula de ciências: a água evapora, vira nuvem, cai a chuva e a água evapora, vira nuvem, cai a chuva... - como se ela fosse um ser pensante. Coisa de doido? Acho que não... Daí, no ônibus, num desses dias de chuva que deixam minha cidade em frangalhos, comecei a pensar na origem da chuva. E na personalidade da chuva.

Na mitologia maia, por exemplo, o deus da chuva, relampagos e trovões é o Chaac. Ele é o cara que controla tudo, e os maias rezavam pra ele antes da colheita. Quando a gente ouve assim essa história de deus, imagina logo uma figura humanóide. Eu não imagino a chuva como um deus ou uma figura humana. Na verdade a chuva antigamente era um cara legal, tranquilão e refrescante, que vinha lavar a terra em tempos esporádicos (o que hoje chamamos estações do ano). Suas caracteristicas principais era a de ser bem galante e ser chamado com frequencia pelas pessoas. Como ainda era muito jovem, deu um vacilo no diluvio, mas apesar disso ele continuou muito querido. Ele está sempre em vários lugares ao mesmo tempo e muda de estado como quem muda de penteado.

Um cara legal.

Um cara legal que acabou ficando estressado. Afinal de contas ninguém fica legal e relax pra sempre. O mundo mudou e Seu Chuva ficou um pouco mais velho. Mais susceptível a mudanças de temperamento. Na verdade ele ficou é bem ranzinza. Ranzinza bagarai. Pelo menos é o que o mundo acha - o Brasil, inclusive - que aconteceu de uns anos pra cá. Mas não é bem assim não. Na verdade o Seu Chuva não é um cara ranzinza, é um cara persipcaz.

Afinal de contas a função dele, além de regar lavouras, é limpar a terra. E a nossa terra tá é bem suginha. Daí ele resolveu resolver. E tá tentando até hoje. Enchendo alguns rios, alagando algumas casas, criando umas ondinhas...

Eu até gosto da chuva, mas acho que ele anda meio rebelde esses dias. E tenho dito!

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Esse escrito foi feito pela Bisa, que mora na cidade, tem um carro que polui o meio ambiente e tem a mania insistente de julgar os outros. Breve veremos a chuva na visão da Sá Melita, que mora na roça e é uma das pessoas que chamam a chuva e ela não vem.

terça-feira, 21 de abril de 2009

CHAPEUZINHO AMARELO


Era a Chapeuzinho Amarelo.
Amarelada de medo.
Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho.
Já não ria.
Em festa, não aparecia.
Não subia escada - nem descia.
Não estava resfriada - mas tossia.
Ouvia conto de fada e estremecia.
Não brincava mais de nada,
nem de amarelinha.
Tinha medo de trovão.
Minhoca, pra ela, era cobra.
E nunca apanhava sol,
porque tinha medo da sombra.
Não ia pra fora pra não se sujar.
Não tomava sopa pra não ensopar.
Não tomava banho pra não descolar.
Não falava nada pra não engasgar.
Não ficava em pé com medo de cair.
Então vivia parada, deitada,
mas sem dormir com medo de pesadelo.


Era a Chapeuzinho Amarelo.


E de todos os medos que tinha, o medo mais que medonho era o medo do tal do LOBO. Um LOBO que nunca se via, que morava lá pra longe, do outro lado da montanha, num buraco da Alemanha, cheio de teia de aranha, numa terra tão estranha, que vai ver que o tal do LOBO nem existia.

Mesmo assim a Chapeuzinho tinha cada vez mais medo do medo do medo do medo de um dia encontrar um LOBO. Um LOBO que não existia.


E Chapeuzinho Amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com o LOBO,
de tanto esperar o LOBO,
um dia topou com ele que era assim:

carão de LOBO,

olhão de LOBO,

jeitão de LOBO

e principalmente um bocão tão grande que era capaz de comer duas avós, um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz e... um chapéu de sobremesa.


Mas o engraçado é que, assim que encontrou o LOBO, a Chapeuzinho Amarelo foi perdendo aquele medo, o medo do medo do medo de um dia encontrar um LOBO. Foi passando aquele medo do medo que tinha do LOBO. Foi ficando só com um pouco de medo daquele lobo.

Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo.


O lobo ficou chateado de ver aquela menina olhando pra cara dele, só que sem o medo dele.
Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo, porque um lobo, tirando o medo, é um arremedo de lobo.
É feito um lobo sem pêlo.
Lobo pelado.


O lobo ficou chateado.


E ele gritou: sou um LOBO!
Mas a Chapeuzinho, nada.
E ele gritou: sou um LOBO!
Chapeuzinho deu risada.
E ele berrou: EU SOU UM LOBO!
Chapeuzinho, já meio enjoada,
com vontade de brincar de outra coisa.
Ele então gritou bem forte aquele seu nome de LOBO umas vinte e cinco vezes, que era pro medo ir voltando e a menininha saber com quem não estava falando:

LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO


Aí Chapeuzinho encheu e disse:
"Pára assim! Agora! Já!
Bem do jeito que você tá"
E o lobo parado assim
como o lobo estava,
já não era mais um LO-BO.
Era um BO-LO.
Um BOLO de LOBO fofo,
tremendo que nem pudim,
com medo da Chapeuzim.
Com medo de ser comido com vela e tudo,
interim.

LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO

Chapeuzinho não comeu aquele bolo de lobo,
porque preferiu o de chocolate.
Aliás, agora ela come de tudo,
menos sola de sapato.
Não tem mais medo da chuva
nem foge de carrapato.

Ai, levanta, se machuca,
vai a praia, entra no mato,
trepa em árvore pega fruta,
depois joga amarelinha
com o primo da vizinha,
com o filho do jornaleiro,
com a sobrinha da madrinha
e o neto do sapateiro.

Mesmo quando está sozinha,
inventa uma brincadeira.
E transforma em companheiro
cada medo que ela tinha:
O raio virou ORRÁI,
barata virou TABARÁ,
a bruxa virou XABRÚ
e o diabo BODIÁ.

Ah, outros companheiros da Chapeuzinho Amarelo: o Gãodrá, a Jacoru, o Barão-Tu, o Pão Bichôpá e todos os trosmons.


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Infelizmente o link que eu achei do livro escaneado tá errado. Uma página por cima da outra, uma confusão...
Pena, as ilustrações do Ziraldo completam a narrativa...

Espero que curtam!
Aloha!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Zeca Baleiro!

O Zeca Baleiro apresentará esse domingo (19/04) o seu novo cd "Coração do Homem-Bomba", que estará disponível no final desse post.
O show comecará as 19hs e será realizado na Concha Acustica do TCA. Os ingressos estão custando R$40 a inteira no primeiro lote e R$50 a inteira no segundo lote.

Eles poderão ser encontrados nos balcões Pida! do Shopping Sumaré, Iguatemi e Liberdade, ou pelo sistema de reservas do callcenter 4003-1212 e no site http://www.ingressorapido.com.br/


Download disponível pelo zShare aqui.



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Agora eu tiro o outro blog do marasmo, ôÔô...

terça-feira, 7 de abril de 2009

[Projeto Democratização da Leitura] Gota D'agua - Chico Buarque

Curtam comigo uma fala de Joana, em Gota D'água, de Chico Buarque e Paulo Pontes (1975). Joana fora abandonada pelo amante Jasão, após o sucesso do samba "Gota d'água". A fala é proferida quando Joana fica sabendo que Jasão vai se casar com a filha de Creonte, o explorador da Vila do Meio-Dia, onde mora Joana.

Joana
Pois bem, você
vai escutar as contas que eu vou lhe fazer:
te conheci moleque, frouxo, perna bamba,
barba rala, calça larga, bolso sem fundo
Não sabia nada de mulher nem de samba
e tinha um puto dum medo de olhar pro mundo
As marcas do homem, uma a uma, Jasão,
tu tirou todas de mim. O primeiro prato,
o primeiro aplauso, a primeira inspiração,
a primeira gravata, o primeiro sapato
de duas cores, lembra? O primeiro cigarro,
a primeira bebedeira, o primeiro filho,
o primeiro violão, o primeiro sarro,
o primeiro refrão e o primeiro estribilho
Te dei cada sinal do teu temperamento
Te dei matéria-prima para o teu tutano
E mesmo essa ambição que, neste momento
se volta contra mim, eu te dei, por engano
Fui eu, Jasão, você não se encontrou na rua
Você andava tonto quando eu te encontrei
Fabriquei energia que não era tua
pra iluminar uma estrada que eu te apontei
E foi assim, enfim, que eu vi nascer do nada
uma alma asiosa, faminta, buliçosa,
uma alma de homem. Enquanto eu, enciumada
dessa explosão, ao mesmo tempo, eu vaidosa,
orgulhosa de ti, Jasão, era feliz,
eu era feliz, Jasão, feliz e iludida,
porque o que eu não imaginava, quando fiz
dos meus dez anos a mais uma sobre-vida
pra completar a vida que você não tinha,
é que eu estava desperdiçando o meu alento,
estava vestindo um boneco de farinha
assim que bateu o primeiro pé-de-vento,
assim que despontou um segundo horizonte,
lá se foi meu homem-orgulho, minha obra
completa, lá se foi pro acervo de Creonte...
Certo, o que eu não tenho, Creonte tem que de sobra
Prestígio, posição... Teu samba vai tocar
em tudo quanto é programa. Tenho certeza
que a gota d'água não vai parar de pingar
de boca em boca... Em troca pela gentileza
vais engolir a filha, aquela mosca-morta
como engoliu meus dez anos. Esse é o teu preço,
dez anos. Até que apareça uma outra porta
que te leve direto pro inferno. Conheço
a vida rapaz. Só de ambição, sem amor,
tua alma vai ficar torta, desgrenhada,
aleijada, pestilenta... Aproveitador!
Aproveitador!

--
Fala extraída, inicialmente, do livro Teoria Semiótica do Texto, de Diana Luz Passos de Barros. Como lá só havia esse pedaço para análise, procurei a peça completa e encontrei-a no Projeto Democratização da Leitura, uma grande biblioteca virtual gratuita, como toda informação deveria ser... Ela tá disponível no índice de links ao lado.
Ah, deixarei disponível para baixar aqui também, pra vocês que tem paciência de ler no pc quando não tem jeito feito eu, curtirem também!!
Para baixar (download) a peça, clique aqui.

Ps.: Agradecimentos à minha quase-goiabinha favorita Charlene, rsrs. Sempre foi muito incientivado por ela que o Chico entrasse no meu acervo, mas eu não dei muita bola. Bem feito pra mim, perdi tempo ^^

Aloha!!

quinta-feira, 19 de março de 2009

O dia que eu tentei fazer pão...

...tive que doar pra os meninos do Olodum, rsrs. É verdade, esse negócio de gastronomia tem que ser seriamente repensado, hehe... Mas a sopa todo mundo tomou, o biscoito todo mundo comeu... só o pão que não deu certo.


Mas essa história é realmente engraçada... Num fim de semana desses eu resolvi cozinhar... Fiz o almoço (arroz au gratin! meu irmão odiou, não por ter ficado ruim, mas por ser arroz...) com galinha ao molho de pimentões... - delícia!! - e resolvi fazer pro jantar sopa e pão caseiro. Nunca tinha feito pão...
Na receita dizia que a massa tinha que ser sovada durante 40 min, mas depois de 20 ela ficou tão dura que eu desisti. Na receita dizia que tinha que dissolver o fermento de pão em água quente, mas o fermeto era tão fedorento que eu quase desisti. Na receita dizia que a massa devia descansar até formar o dobro do seu tamanho original, mas a sopa já tava quase ficando pronta, e eu desisti de esperar...
Enfim, deu no que deu... Logo quando o pão saiu do forno (com uma cara enganosa, o safado) a gente foi comer: eu, Laís, Nairinha e Tavinho. Sentamos na mesa, cada um com seu prato, e eu fui cortar o pão... Duuuuro!!! Fedoreeeeento!!! A gente tentou colocar manteiga pra ver se dava jeito, e nada... Tentou colocar na sopa pra ver se dava jeito, e nada... E a gente comeu sem pão mesmo...
Quando Léo chegou em casa e viu o pão no prato - que ninguém tinha comido - fez a analogia e começou a batucar. Batucou perguntando quem fez aquele tambor e tal, e pra surpresa, foi a mesma pessoa que fez o arroz au gratin, huhuhu!!
No final o pão foi pro lixo e o desperdício consumado.

Moral da história: Nunca faça pão sem sovar direito a massa!!!


***
Quem quiser se habilitar a sovar a minha massa na próxima, ganha biscoito de brinde!!! Não se preocupem, o biscoito presta quando não queima, hehe...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ócio

"Durmo e acordo sem me mexer. Minha cabeça tem um zumbido estranho. Meu coração não pára de doer. Estou morrendo."
"Calma, a morte ainda não o alcançou, você só está ocioso."
"Ocioso!? Seu médico xinfim! Profissionalzinho de araque. Filadaputa!!! Como eu pago uma consulta cara dessas pra você, seu bunda suja, me dizer que eu tô ocioso!? Eu trabalho naquele escritório seboso todo dia, me torturo pra pagar as contas do mês, e você me diz que eu tô ocioso... Diz pra mim onde cê comprou seu diploma, que eu quero um pra mim também."
"O senhor faz alguma atividade física prazerosa?"
"Não tenho tempo pra isso..."
"O senhor escreve? Exercita a sua criatividade?"
"Meu primeiro exercício criativo foi achar que o senhor ia me ajudar com o meu problema, doutor..."
"Vou lhe indicar um psicossomático leve e te dar o numero de um psicologo amigo meu."
"Qual é!? Virei maluco foi? Caralho, agora que eu vou virar médico mesmo."
"Senhor, de acordo com meu diagnostico visual, o seu problema é psicológico."

(...)

É chato quando alguém te interrompe quando você está escrevendo né!? Quem escreve sabe... Demora horas, dias, semanas (no meu caso) pra você chegar num ponto inspirado, e quando você o atinge, chega o cara que vai instalar a linha telefonica, ou o telefone toca, ou você fica com vontade de ir no banheiro... Isso quebra a criatividade. E eu preciso escrever. Se eu quiser ser um escritor e ganhar para fazê-lo, eu preciso escrever. E, infelizmente, eu não tô conseguindo.
Fiz um livro. Foi bom, tive de fazer mais tiragens. Me encomendaram outro. Fiz. "Superou expectativas", dizia a crítica. Agora tô empacado no terceiro. Aqui, com toda a facilidade do mundo, alcool e nicotina a mão, não sai nada que valha a pena. Mas também, nesse mundo de merda, quem é que vai ler o que eu tô afim de escrever!? Eu quero falar do jeito que todo mundo vai morrer daqui a 50 anos, do jeito que a Terra vai cagar a gente e como a gente vai descer ladrina abaixo no espaço sideral! Mas quem quer saber de morte!? Todo mundo só quer saber de vida, a linda vida que aparece nas telenovelas: típicas de quadrados semióticos.
Na verdade, quem inventou o quadrado semiótico (acho que foi o Greimas) é um belo de um filadaputa. É verdade, só pra facilitar a vida desses escritoreszinhos de merda, que colocam amor e ódio em cada ponta do quadrado e nem se importam com o enredo. Se for para escolher odiar alguma coisa, eu escolheria a novela. Depois escolheria os que assistem a novelas. Depois os que as escrevem. Na verdade, eu até entendo os pobres dos caras que as escrevem, afinal, eu sou como um deles. Aposto que eles começaram como eu, cheios de esperanças e sonhos, querendo levar informação para o mundo. Mas o ser humano é bicho burro retado...
O trecho do livro que eu tô tentando escrever tá aí em cima. Aconteceu mesmo. Eu fui no médico, mas não o xinguei. Sou um cara polite, mas que deu vontade deu. Depois é que eu descobri que ociosidade é uma doença séria pra um cara que vive da criatividade. Ai eu fico assim, falando sozinho... Coisa de maluco.

(Ele senta em frente ao computador com um copo de conhaque na mão e um chiclete de nicotina entre os dedos. Olha pra tela. Bebe o líquido do copo dramaticamente e manda o mundo se foder.
-Foda-se o mundo!!
Coloca mais conhaque no copo, joga o chiclete sem mascar no lixo, pega um cigarro na gaveta, acende, dá uma tragada-suspiro histórica e vai assistir tv no sofá, onde acaba dormindo.)
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Ps.: a coisa do cara da linha telefônica aconteceu mesmo. O resto não, rs...