quinta-feira, 19 de março de 2009

O dia que eu tentei fazer pão...

...tive que doar pra os meninos do Olodum, rsrs. É verdade, esse negócio de gastronomia tem que ser seriamente repensado, hehe... Mas a sopa todo mundo tomou, o biscoito todo mundo comeu... só o pão que não deu certo.


Mas essa história é realmente engraçada... Num fim de semana desses eu resolvi cozinhar... Fiz o almoço (arroz au gratin! meu irmão odiou, não por ter ficado ruim, mas por ser arroz...) com galinha ao molho de pimentões... - delícia!! - e resolvi fazer pro jantar sopa e pão caseiro. Nunca tinha feito pão...
Na receita dizia que a massa tinha que ser sovada durante 40 min, mas depois de 20 ela ficou tão dura que eu desisti. Na receita dizia que tinha que dissolver o fermento de pão em água quente, mas o fermeto era tão fedorento que eu quase desisti. Na receita dizia que a massa devia descansar até formar o dobro do seu tamanho original, mas a sopa já tava quase ficando pronta, e eu desisti de esperar...
Enfim, deu no que deu... Logo quando o pão saiu do forno (com uma cara enganosa, o safado) a gente foi comer: eu, Laís, Nairinha e Tavinho. Sentamos na mesa, cada um com seu prato, e eu fui cortar o pão... Duuuuro!!! Fedoreeeeento!!! A gente tentou colocar manteiga pra ver se dava jeito, e nada... Tentou colocar na sopa pra ver se dava jeito, e nada... E a gente comeu sem pão mesmo...
Quando Léo chegou em casa e viu o pão no prato - que ninguém tinha comido - fez a analogia e começou a batucar. Batucou perguntando quem fez aquele tambor e tal, e pra surpresa, foi a mesma pessoa que fez o arroz au gratin, huhuhu!!
No final o pão foi pro lixo e o desperdício consumado.

Moral da história: Nunca faça pão sem sovar direito a massa!!!


***
Quem quiser se habilitar a sovar a minha massa na próxima, ganha biscoito de brinde!!! Não se preocupem, o biscoito presta quando não queima, hehe...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ócio

"Durmo e acordo sem me mexer. Minha cabeça tem um zumbido estranho. Meu coração não pára de doer. Estou morrendo."
"Calma, a morte ainda não o alcançou, você só está ocioso."
"Ocioso!? Seu médico xinfim! Profissionalzinho de araque. Filadaputa!!! Como eu pago uma consulta cara dessas pra você, seu bunda suja, me dizer que eu tô ocioso!? Eu trabalho naquele escritório seboso todo dia, me torturo pra pagar as contas do mês, e você me diz que eu tô ocioso... Diz pra mim onde cê comprou seu diploma, que eu quero um pra mim também."
"O senhor faz alguma atividade física prazerosa?"
"Não tenho tempo pra isso..."
"O senhor escreve? Exercita a sua criatividade?"
"Meu primeiro exercício criativo foi achar que o senhor ia me ajudar com o meu problema, doutor..."
"Vou lhe indicar um psicossomático leve e te dar o numero de um psicologo amigo meu."
"Qual é!? Virei maluco foi? Caralho, agora que eu vou virar médico mesmo."
"Senhor, de acordo com meu diagnostico visual, o seu problema é psicológico."

(...)

É chato quando alguém te interrompe quando você está escrevendo né!? Quem escreve sabe... Demora horas, dias, semanas (no meu caso) pra você chegar num ponto inspirado, e quando você o atinge, chega o cara que vai instalar a linha telefonica, ou o telefone toca, ou você fica com vontade de ir no banheiro... Isso quebra a criatividade. E eu preciso escrever. Se eu quiser ser um escritor e ganhar para fazê-lo, eu preciso escrever. E, infelizmente, eu não tô conseguindo.
Fiz um livro. Foi bom, tive de fazer mais tiragens. Me encomendaram outro. Fiz. "Superou expectativas", dizia a crítica. Agora tô empacado no terceiro. Aqui, com toda a facilidade do mundo, alcool e nicotina a mão, não sai nada que valha a pena. Mas também, nesse mundo de merda, quem é que vai ler o que eu tô afim de escrever!? Eu quero falar do jeito que todo mundo vai morrer daqui a 50 anos, do jeito que a Terra vai cagar a gente e como a gente vai descer ladrina abaixo no espaço sideral! Mas quem quer saber de morte!? Todo mundo só quer saber de vida, a linda vida que aparece nas telenovelas: típicas de quadrados semióticos.
Na verdade, quem inventou o quadrado semiótico (acho que foi o Greimas) é um belo de um filadaputa. É verdade, só pra facilitar a vida desses escritoreszinhos de merda, que colocam amor e ódio em cada ponta do quadrado e nem se importam com o enredo. Se for para escolher odiar alguma coisa, eu escolheria a novela. Depois escolheria os que assistem a novelas. Depois os que as escrevem. Na verdade, eu até entendo os pobres dos caras que as escrevem, afinal, eu sou como um deles. Aposto que eles começaram como eu, cheios de esperanças e sonhos, querendo levar informação para o mundo. Mas o ser humano é bicho burro retado...
O trecho do livro que eu tô tentando escrever tá aí em cima. Aconteceu mesmo. Eu fui no médico, mas não o xinguei. Sou um cara polite, mas que deu vontade deu. Depois é que eu descobri que ociosidade é uma doença séria pra um cara que vive da criatividade. Ai eu fico assim, falando sozinho... Coisa de maluco.

(Ele senta em frente ao computador com um copo de conhaque na mão e um chiclete de nicotina entre os dedos. Olha pra tela. Bebe o líquido do copo dramaticamente e manda o mundo se foder.
-Foda-se o mundo!!
Coloca mais conhaque no copo, joga o chiclete sem mascar no lixo, pega um cigarro na gaveta, acende, dá uma tragada-suspiro histórica e vai assistir tv no sofá, onde acaba dormindo.)
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Ps.: a coisa do cara da linha telefônica aconteceu mesmo. O resto não, rs...